Mais uma auditoria para quê?
O contrato de compra e venda do Novo Banco (NB) entre a Lone Star (LS) e o Estado teve a assinatura de Mário Centeno à altura ministro das finanças do governo do PS. No âmbito do mesmo ficou estipulado que o Fundo de Resolução (FR) através do mecanismo de capitalização contingente colmataria eventuais prejuízos do NB até 3.890 milhões de euros pela venda de ativos do NB degradados designados como improdutivos ou em incumprimento. Como o FR cuja capitalização ficou a cargo da Banca não conseguiu realizar o capital suficiente para fazer face aos prejuízos reclamados pelo NB, o Estado através do Ministério das Finanças e por força do aval dado financiou o FR para esse efeito. Antes de qualquer operação de recapitalização cabe ao FR a obrigação de verificar se as operações do NB com a venda de ativos garantem as melhores perspetivas de recuperação de valor confrontando-as com cenários alternativos. Portanto o risco de potenciais prejuízos e o seu montante já eram previsíveis desde a celebração do referido contrato ainda que Governo e PS se façam esquecidos. Para já é especulativo considerar que os financiamentos do Estado ao FR não serão reembolsados pela Banca que tem o prazo de 30 anos para fazê-lo. Ricardo Salgado (RS) e os outros administradores são os responsáveis pela derrocada do BES por terem recusado recorrer ao Fundo de Recapitalização da Troika o que poria a nu as ilegalidades que estavam a cometer. Já o Banco de Portugal falhou rotundamente na obrigação de fiscalizar e detetar em tempo útil as manigâncias levadas a cabo por RS e que levaram à destruição do BES e das poupanças de milhares de investidores que investiram em produtos financeiros tidos como bons, mas que não passavam de trafulhices embrulhadas em papel de engenharia financeira certificado pelas empresas que auditavam as contas do banco. Mais uma auditoria para quê? Já todos percebemos quem nos enganou e quem não cumpriu a obrigação de evitar que fôssemos enganados.
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