PS lamenta nomeação política
Director clínico não deve ter ligações partidárias, defendeu o secretário-geral, deixando para os médicos do serviço a validação ou não de Mário Pereira
O Partido Socialista está descontente com a nomeação de Mário Pereira para director clínico do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira SESARAM porque é uma nomeação política, e entende que a nomeação para o cargo deve ficar distante das questões partidárias, isto independentemente das competências do também médico e ex-deputado do CDS agora escolhido, que deverão ser validadas pelos seus pares.
O secretário-geral do PS Madeira lamenta o elevado número de nomeações desde que o Governo tomou posse e que atingiu também a saúde. Na sua opinião, seria bom para o SESARAM que tivesse sido indicado um director clínico que não tivesse neste momento qualquer ligação política ou qualquer ligação partidária, “pelo menos tão estreita que o Dr. Mário Pereira tinha”. Numa reacção do partido, o secretário-geral do PS entender ser “suficiente para gerar instabilidade entre os profissionais de saúde, que mais uma vez, em vez de ter alguém que lhes garanta total equidistância do ponto de vista político, que estivesse apenas e só focado na gestão do serviço hospitalar, estará sempre ligado à forma como foi nomeado, porque é uma nomeação que resulta de um processo estritamente político, como também quando surgirem dificuldades será inevitavelmente confrontado com o facto de poder estar a tomar más decisões por eventual conivência com quem lidera a pasta da saúde. E isso é mau para a saúde”.
O também médico de formação recorda que o cargo de director clínico é provavelmente o mais importante em qualquer estrutura de saúde. “É um lugar fundamental, que não é um lugar político, daí se chamar director clínico e é fundamental que qualquer nomeação, qualquer indicação que para lá ocorra tenha também o reconhecimento dos seus pares”. E acrescentou que desde o início deveria ter havido diálogo também com os profissionais de saúde que permitisse “encontrar uma solução que desse totais garantias não só a quem foi agora ou será indigitado para o cargo, mas também para quem lidará com as consequências dessa mesma decisão”. A saúde, argumentou, precisa de alguém que traga paz ao sector e tranquilidade a quem lá trabalha e que tenha o reconhecimento dos restantes profissionais de saúde.
Capacidade de gestão de recursos humanos e de liderança, e a capacidade para saber manter-se equidistante da realidade política são requisitos que um director clíncio deve ter, no entendimento do principal partido da oposição na Madeira. “O cargo de director clínico não é um cargo político, é impensável em qualquer sítio do mundo, e também do nosso país – nunca assisti a isto em lado nenhum – que o cargo de director clínico fosse discutido como se se tratasse de um cargo de mera nomeação política. É impensável, é absolutamente inqualificável todo o processo”. E aproveitou para lamentar a forma como o processo foi liderado em relação à médica Filomena Gonçalves.
O PS espera que Mário pereira tenha todas as condições para fazer o seu trabalho, sobretudo o apoio da classe médica. O mais importante, defendeu, “é que se resolva a questão”.
João Pedro Vieira reconhece ao ortopedista alguns méritos e acredita que os madeirenses na generalidade reconhecerá a dedicação à discussão em torno dos temas de saúde na Região e em particular na Assembleia Legislativa regional. “Mas o Dr. Mário não vai exercer um cargo político, não vai para o hospital fazer política”. “Não vai defender as políticas de saúde do PSD, do CDS ou de outro partido qualquer. O que o doutor tem de fazer é garantir que o hospital tem capacidade para dar as melhores respostas em saúde do ponto de vista das soluções clínicas, fazendo o que é melhor com base no conhecimento actual e com base na evolução da medicina.” E acrescenta que cabe aos que exercem funções no Hospital e aos que pretendem voltar a validação da escolha.