Madeira com baixa taxa de adesão ao rastreio do cancro do colo do útero
Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que o número de mulheres portuguesas que se submeteram ao rastreio do cancro do colo do útero aumentou 10% face a 2005, foi hoje anunciado. No entanto, na Madeira verifica-se o contrário, sendo assim das Regiões mais fraca adesão ao exame médico.
Foram assim observadas “assimetrias” em diferentes regiões do país, sendo que a região Norte foi a zona onde se registaram as “percentagens mais altas” de adesão ao exame, contrariamente ao que se sucedeu no Alentejo, Algarve, Madeira e Açores, em que se verificaram os maiores níveis de “não adesão” ao teste.
Em comunicado, o ISPUP explica que a investigação, publicada no Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, visava “descrever o uso do exame de rastreio do cancro do colo do útero” em Portugal, assim como “identificar os factores” que levam as mulheres portuguesas a não recorrerem ao teste.
Os investigadores analisaram por isso dados de 5.884 mulheres, com idades entre os 25 e 64, que responderam ao Inquérito Nacional de Saúde de 2014 e concluíram que 87% das mulheres portuguesas se submeteram ao exame de rastreio.
No contexto nacional, “o uso do teste aumentou em cerca de 10% em comparação com os dados obtidos no Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006”, frisa o ISPUP, adiantando, contudo, que 12% das mulheres continuam a não seguir “as recomendações europeias relativas à periocidade de realização do exame”.
Citada no comunicado, Bárbara Peleteiro, investigadora do ISPUP, afirma que apesar do programa de rastreio do cancro do colo do útero abranger várias regiões do país, as mulheres que vivem em “regiões mais pobres e que têm estilos de vida menos saudáveis, aderem menos ao rastreio”.
“Nestes últimos anos, conseguimos aumentar o número de pessoas que fazem o rastreio, o que é positivo. Contudo, quando analisamos as características sociodemográficas que explicam a não adesão das mulheres, vemos que estas continuam a ser as mesmas de há 10 anos. Isto significa que chegamos a mais pessoas, mas não às mulheres que já não utilizavam antes o exame”, sublinha.
Para a investigadora, apesar dos números serem “positivos”, é necessário pensar-se em “estratégias que ajudem a motivar esta população a utilizar o programa de rastreio organizado”.
O cancro do colo do útero é o quarto tipo de cancro mais comum nas mulheres, representando 7,5% das mortes femininas por cancro em todo o mundo.