“Ajudamos a transformar um ‘elefante branco’ num case study”
Atlanticulture revitaliza Fórum Machico, espaço que vai acolher Cimeira Cultural Atlântica Madeira/Cabo Verde
A passagem pelos países da CPLP cultivou na Atlanticulture o sonho de construir “uma enorme ponte, uma plataforma atlântica comum, uma rede de agentes culturais onde existe lugar para todos, de todos e para todos e que não desse apenas palco e organização a uns quantos mas que apoiasse e suportasse as novas gerações e o SANGUE NOVO, com o objectivo de, quem sabe terem as oportunidades que nós demorámos mais tempo a conquistar”.
A garantia foi dada esta tarde em Machico pelo fundador e CEO da Atlanticulture, Sérgio Nóbrega, durante a apresentação da Cimeira Cultural Atlântica Madeira/Cabo Verde que terá lugar a 7 de Junho, no Grande Auditório do Atlanticulture Center (Fórum Machico) e contará com as presenças confirmadas do Primeiro–Ministro do Governo de Cabo Verde, José Ulisses de Pina Correia e Silva, do Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas do Governo de Cabo Verde, Abraão Vicente, e do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, tendo o presidente do Governo, Miguel Albuquerque e a secretária regional do Turismo e Cultura, Paula Cabaço como anfitriões.
Sérgio Nóbrega assumiu que o trajecto da agência criativa madeirense tem sido consistente, onde por vezes “o mais complicado é explicar às pessoas o que é isso das indústrias criativas e que a Cultura não é aquela palavra abstracta que se pronuncia quando queremos parecer intelectuais, mas sim o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou de uma civilização” e que Cultura “é a música, o teatro, e os rituais religiosos, os mitos, os hábitos alimentares, as danças e a arquitectura, as invenções os pensamentos e as mais diversas formas de organização social, é a língua falada e escrita”.
O fundador da Atlanticulture sublinha que o projecto cultural da marca madeirense se consubstancia na paixão pela Comunidade de Países que falam a Língua Portuguesa, sendo por isso gratificante erguer uma ponte cultural com Cabo Verde, a partir de Machico. “Podermos contar com a ilustre presença de tão altos representantes de um desses Países é para nós motivo de grande orgulho e satisfação porque representa em si o desafio a que nos propusemos do contacto directo e presencial com as mais diversas comunidades respeitando a riqueza da diversidade e com a certeza de que juntos somos mais fortes”, salienta.
Sérgio Nóbrega entende que a Madeira e Cabo Verde têm tudo o que é necessário para serem uma referência do turismo cultural. “Têm um património histórico único, gastronomia, literatura, música, artistas plásticos e SANGUE NOVO feito de profissionais da criatividade, nas mais diversas áreas da cultura.”, refere, apelando ao cuidado dos decisores para que não caiam na tentação de destruir os melhores activos por meras “contas eleitorais”,referindo-se a “revitalizações apressadas e sem arte de centros históricos ou dos nossos mercados”.
Mais projectos em carteira
Na apresentação do evento, Sérgio Nóbrega recordou um trajecto “feito de enorme esforço”, pois nos primeiros anos houve imensas dificuldades em ultrapassar “alguns vícios instituídos no nosso mercado e onde o que mais sentimos por vezes foi ressabiamento”. Perante dois caminhos possíveis: “ou ficávamos sentados de sofá despejando nas redes sociais as nossas frustrações, dizendo mal de tudo e de todos, ou metíamos mãos à luta e tentávamos construir um caminho novo”, a Atlanticulture já tem obra feita, “construindo a nossa história passo a passo, onde para ultrapassar as barreiras do dia a dia, foi fundamental contarmos com muitas pessoas que são nossa inspiração desde sempre, também muitos agentes culturais, jornalistas, amigos, elementos da nossa equipa e a nossa família”.
“Não nos esquecemos porque somos agradecidos e não temos memória curta de quem alinhou no nosso sonho que muitos em tempos apelidaram de loucura, uns diziam que aguentávamos nem um mês, outros que nem chegávamos ao Natal. Ora bem, estamos a chegar ao primeiro ano desta casa e aos sete desde a nossa fundação, e este motivo faz com que cheguemos aqui com a pele arrepiada e com mais alguns sonhos: A construção do primeiro hotel cultural do atlântico lusófono, a rede cultural Atlântica de centros e academias culturais, mas sobretudo o lançamento em Novembro da nossa plataforma multimeios que visa unir esta “Culture Digital Community”.
Aproveitando a presença da secretária regional de Turismo e Cultura, Sérgio Nóbrega optou por transmitir uma palavra de agradecimento “sentida e muito significativa ao Governo, porque nos apoiou e incentivou desde a primeira hora”, lembrando que na inauguração do Atlanticulture Center, no Fórum Machico, em Junho do ano passado, Miguel Albuquerque referindo-se ao projecto, referiu que poderia estar “mais uma oportunidade de ouro para a internacionalização da cultura da Madeira”, o que, na sua óptica rendeu uma “responsabilidade maior, mas também um desafio que se traduziu neste trajecto que fizemos com muito orgulho”. “Não só ajudamos a transformar um chamado ‘elefante branco’ num case study atlântico, reconhecido pela CPLP, onde foram realizados mais de 400 eventos e onde não só lavamos a “cara” deste espaço, como renovamos a larga maioria dos activos. Todas as áreas sociais estão neste momento a 100% e totalmente à disposição da sociedade”, lembra.
Um espaço de cultura que julga ser um espaço de abertura à sociedade, aos residentes e aos passantes, aos interessados e aos viajante, “que estará condenado à partida se não tiver na sua essência uma relação parceira de enriquecimento conjunto alicerçada pela proximidade com as instituições que a representam, num esforço conjunto para através das diversas idiossincrasias, estados de espírito e produtivo darmos mais, valorizarmos melhor, em suma ganharmos todos”.
Para a Atlanticulture, Machico foi o berço dos exemplos mais claros do início das indústrias criativas, “ou não fosse a arte, o engenho e a criatividade que levaram os madeirenses a construir as nossas levadas, os nossos socalcos, entre tantos exemplos, por forma a fazer aproveitamento dos recursos existentes à época, servindo de inspiração para outros povos e países lusófonos atlânticos”. Daí que tenha agradecido a Ricardo Franco e à equipa da Câmara de Machico “por ser a host city deste projecto e por estar sempre disponível para nos ouvir e cooperar”.
Aproximação entre a Madeira e Cabo Verde reforçada
A secretária do Turismo e Cultura, Paula Cabaço, destacou a importância das parcerias com Cabo Verde, salientando que a Cimeira Cultural Atlântica, vai reforçar a aproximação entre os dois arquipélagos.
“É desta forma, com atos concretos, que se consegue reforçar os laços sociais, culturais, económicos que temos vindo a desenvolver com Cabo Verde, nomeadamente através de protocolos que o Governo Regional tem estabelecido”, disse Paula Cabaço, durante a apresentação do evento.
A Cimeira Cultural Atlântica Madeira/Cabo Verde, organizada pela Atlanticulture - Agência Cultural e Criativa do Atlântico, vai contar com a presença do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, e do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, bem como do embaixador do país em Portugal, Eurico Monteiro.
“É uma oportunidade para promover a aproximação entre os dois arquipélagos e vai proporcionar momentos de partilha e de futura colaboração”, afirmou Paula Cabaço, destacando os acordos já estabelecidos entre Cabo Verde e a Madeira em áreas como saúde, proteção civil, economia azul e energias renováveis.
Para a governante, a Cimeira Cultural Atlântica constitui mais um passo na afirmação da “condição insular e atlântica”, onde os territórios enfrentam “constrangimentos semelhantes”, mas também “muitas vantagens competitivas”.
“E quando trabalhamos em conjunto e parceria, os resultados são sempre melhores”, salientou.