Centenário do famoso eclipse de 29 de maio de 1919
Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.
Einestein
Einestein na sua Teoria da Relatividade Geral concluiu que a trajetória de um raio de luz pode ser desviada sob a ação da gravidade e calculou que a luz de uma estrela sofre um desvio de 1,74’’ na presença de um campo gravitacional muito forte, como o sol. Frank Dyson, em 1917, astrónomo real britânico, ao saber que a 29-05-1919 ocorreria um eclipse e que o sol estaria na constelação de Híades, rica em estrelas brilhantes, viu que seria o momento perfeito para comprovar a teoria de Einestein.
As expedições
Os locais ideais para a observação eram a Ilha do Príncipe, na altura território português, e a localidade de Sobral, no norte do Brasil. Em 1917, começaram a preparar duas expedições, uma composta por Charles Davidson e Andrew Crommelin do Observatório de Greenwich e outra por Arthur Eddington e Cottingham, estes do Observatório de Cambridge.
Naquele ano ainda decorria a I Guerra Mundial (1914-1918). Artur Eddington invocou objeção de consciência, por motivos religiosos, para não ser recrutado. Mas o governo necessitava de militares, o astrónomo correu o risco de ser preso mas, devido à importância da expedição, foi dispensado da guerra.
Passagem pela Madeira
As expedições saíram de Liverpool, a 8-03-1919 no navio “Anselm”, passaram por Lisboa e chegaram à Madeira a 14-03-1919, curiosamente no dia de aniversário de Einestein (nasceu a 14-03-1879 e faleceu a 18-04-1955). Davidson e Crommelin seguiram no mesmo navio para o Brasil. Eddington e Cottingham ficaram hospedados no Hotel Bela Vista, edifício do atual Seminário na rua do Jasmineiro, Funchal. No dia 9-04-1919, estes seguiram para a Ilha do Príncipe no cargueiro “Portugal” e levavam consigo um telescópio de 13 polegadas (cerca de 33 cm) de diâmetro e 12 pés de comprido (cerca de 3,66 m) para fotografar as estrelas à volta do sol durante o eclipse.
Resultado
Estas duas equipas, efetivamente, comprovaram a teoria de Einestein. A expedição na Ilha do Príncipe verificou que, durante o eclipse, a luz das estrelas fazia um desvio de 1,61’’ ±0,3’’. A do Sobral o desvio verificado foi de 1,98’’ ±0,12’’. Estes valores estavam dentro da margem de erro calculada por Einestein. Estas observações contribuíram para mudar a maneira de ver o universo e tornou Einestein um dos cientistas mais famosos de todos os tempos.