Merkel promete ajuda financeira ao Burkina Faso para luta contra os jihadistas
A chanceler alemã Angela Merkel prometeu hoje, em Ouagadougou, no Burkina Faso, uma ajuda financeira a este país pobre e minado por ataques jihadistas, para reforço das suas forças de defesa.
Burkina Faso é a primeira etapa da viagem Angela Merkel, pela região africana do Sahel.
“A situação de segurança degradou-se. Nós consideramos que devemos apoiar e estar ao lado do Burkina Faso, sobretudo na cooperação no plano securitário”, declarou Merkel, primeira chanceler alemã a deslocar-se a este país africano, uma visita que coincide com a cimeira de chefes de Estado da força G5-Sahel.
O G5 Sahel (que integra Mali, Mauritânia, Burkina Faso, Niger e Chade) foi criado para dar uma resposta militar conjunta e coordenada aos ataques jihadistas recorrentes na região, com os grupos armados juntando-se ao longo das fronteiras.
“Nós vamos apoiar o Burkina no reforço da capacidade da sua polícia (...) Nós vamos dar uma ajuda de sete a 10 milhões de euros. É necessário, porque no leste e norte do país vive-se uma situação tal que as crianças não podem ir à escola. Nós devemos combater estes problemas os mais rapidamente possível”, prosseguiu.
No leste e norte do país, milhares de escolas estão fechadas por causa dos ataques jihadistas, que obrigam as populações a fugirem.
“Quinze por cento do orçamento está afeto às questões de segurança. Devemos fazer aumentar a parte do orçamento alocada à segurança. Falta parte destes fundos, pelo que a comunidade internacional deve apoiar o Burkina Faso para que este possa avançar no caminho do desenvolvimento”, considerou a chanceler alemã.
“Cinco milhões de euros suplementares serão postos à disposição para o que está previsto”, em termos de ajudas ao desenvolvimento, considerando “as mudanças climáticas, a qualidade dos solos e a gestão do recurso água”, concluiu Merkel.
O presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, alertou para “o forte impacto sobre as atividades sócio económicas” da situação de segurança, e evocou as dificuldades “humanitárias com os deslocados internos e fecho de escolas”.
“A Alemanha anunciou uma ajuda de 46 milhões de euros que deverá permitir-nos melhorar as questões de segurança no norte e leste e conduzir ações que ajudarão a reforçar a resiliência das populações nestas zonas”, anunciou.
“Nós temos de reforçar a formação das nossas forças de defesa e cumprir em matéria de direitos humanos”, precisou o presidente, num momento em que as forças armadas são acusadas da prática de abusos contra as populações consideradas como cúmplices dos jihadistas em regiões onde as tensões étnicas também estão aumentando.
O presidente Kaboré falou também da situação na Líbia, acusando os ocidentais de não ouvirem a África.
“Nós temos pedido às grandes nações para assumirem as suas responsabilidades para regularizar a questão da Líbia. É claro que a visão africana - que era (...) procurar as vozes internas - foi abandonada (...) A solução escolhida foi fazer partir [Muammar] Kadafi e esta partida deixou hoje uma divisão do país em vários grupos, com equipamentos militares, que são enormes e que inundam a nossa sub-região”.
“A Europa deve ter uma posição comum (...) de modo a que possamos alcançar uma solução definitiva que permita pôr fim ao aprovisionamento dos grupos terroristas, através da Líbia”, prosseguiu.
“Nós teremos aqui ocasião de discutir isto com os outros chefes de Estado do G5 Sahel”, concluiu.
Merkel deve passar a noite em Ouagadougou, onde um impressionante dispositivo de segurança foi instalado, e deve encontrar-se, quinta de manhã, com estudantes na universidade de Ouagadougou, antes de partir para o Niger.
O Burkina Faso é confrontado desde há quatro anos com ataques cada vez mais frequentes e mortíferos, atribuídos aos grupos jihadistas, entre os quais o Ansarul Islam, o grupo de apoio ao islão e aos muçulmanos (GSIM) e o Estado Islâmico ao Grande Sahara (EIGS).
Estes ataques forma responsáveis, desde 2015, por mais de 360 mortes, segundo uma contagem da AFP.