Cônsul nota “aumento brutal” de portugueses que procuram o Consulado da Venezuela
O cônsul-geral português na capital da Venezuela afirmou na terça-feira que o número de portugueses que procuram diariamente ao Consulado Geral de Portugal em Caracas “aumentou brutalmente” nos últimos tempos.
“Aumentou brutalmente o fluxo de portugueses no consulado. Obviamente o que as pessoas estão a procurar mais neste momento são documentos de identificação, cartão do cidadão e passaporte e aumentaram muitíssimo os pedidos de nacionalidade”, disse à Lusa, Licínio Bingre do Amaral.
As declarações do cônsul-geral português em Caracas foram feitas Licínio Bingre do Amaral à margem da cerimónia da assinatura de uma carta-compromisso, entre o Governo de Portugal, o Centro Português de Caracas, a Associação Civil Amigos de Nossa Senhora de Fátima (de Los Teques, a sul de Caracas) e a Casa Portuguesa do Estado de Arágua.
Acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e da secretária de Estado da Saúde, o ministro dos Negócios Estrangeiros assistiu, em Lisboa, por videoconferência para os consulados de Portugal de Caracas e Valência, à assinatura de Carta Compromisso para a prestação de cuidados de saúde à comunidade portuguesa na Venezuela.
Questionado sobre os efeitos da crise política, económica e social, e dos cada vez mais constantes apagões elétricos no país, Licínio Bingre do Amaral explicou que tudo isto tem afetado a comunidade.
“Tem afetado em termos de diminuição de rendimentos, em termos de obtenção de medicamentos. Há zonas em Caracas que estiveram 24 dias sem água, portanto isto afeta claramente a qualidade de vida da comunidade portuguesa residente na Venezuela”, disse.
Segundo o diplomata, “em alguns casos o papel desempenhado pelas associações é muito importante para minorar isso”, dando o exemplo do Centro Português de Caracas que “tem tido um papel muito importante para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos portugueses”.
Licínio Bingre do Amaral explicou ainda que “a nível de energia elétrica o consulado tem um gerador” e “que se não fosse esse gerador não podia estar a funcionar ininterruptamente”.
“O consulado nunca fechou (as portas), esteve sempre a funcionar, devido ao gerador que temos e agora, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), já autorizou a aquisição de um outro gerador de emergência, para no caso de haver uma falha deste primeiro, porque se prevê que a situação se vá continuar a agravar”, disse.
Quando às falhas de Internet, o Consulado tem “um acesso, uma linha especial, mas confessamos que neste momento as coisas são complicadas”, explicou.
O diplomata é da opinião que “a Venezuela sempre foi um grande país de acolhimento que lhes deu (aos portugueses) todo o apoio possível e por vezes em alguns casos, como tudo fluía muito normalmente não faziam logo o registo de nascimento dos miúdos, o registo de casamento”.
“Neste momento, face à situação geral que se vive na Venezuela, há imensas carências financeiras e económicas, praticamente não há liquidez neste país e hoje em dia a margem de lucro dos negócios é muito diminuída”, disse.
“Há muita dificuldade em arranjar produtos, por exemplo, nós temos conterrâneos que têm padarias e não conseguem arranjar com facilidade farinha. Isto é tudo um dia a dia que se vai fazendo, mas não é normal, não têm a facilidade habitual”.
No entanto, “o consulado tenta estar o mais bem informado possível do que se passa”.