Trabalho de Joana Vasconcelos em exposição no museu Max Ernst na Alemanha
O Museu Max Ernst, em Brühl, inaugura no dia 06 de abril uma exposição individual de Joana Vasconcelos, que revisita os seus 20 anos de carreira, naquela que será a primeira mostra da artista plástica portuguesa num museu alemão.
Intitulada “Maximal”, a mostra vai estar patente no “Max Ernst Museum Brühl des LVR” até dia 04 de agosto, e reúne uma seleção de vinte obras da artista, segundo informação divulgada pelo atelier de Joana Vasconcelos.
O trabalho a ser exposto inclui peças que vão desde os emblemáticos “Coração Independente Vermelho” e “Carmen Miranda”, da série “Sapatos”, até outras mais antigas, como “Brise” e “Spin” (ambas de 2001), “Esposas” e “Passerelle” (de 2005), passando por algumas raramente apresentadas ao público, como “Style for Your Hair” (2000) ou “Matilha” (2005).
A exposição contará ainda com várias obras das séries têxteis da artista.
Segundo uma nota divulgada pelo museu alemão, estes 20 objetos fornecem “informações abrangentes” sobre a forma de trabalhar de Joana Vasconcelos.
A artista, que vive e trabalha em Lisboa, é conhecida pelos seus grandes trabalhos espaciais, com os quais explora as fronteiras entre o tradicional e o moderno, a alta cultura e a cultura quotidiana, o artesanato tradicional e a produção industrial.
Joana Vasconcelos atraiu a atenção internacional pela primeira vez na Bienal de Veneza em 2005 com seu trabalho “A noiva” (The Bride), um lustre monumental criado a partir de milhares de tampões.
Em 2012, tornou-se a primeira artista mulher a ser convidada para uma exposição individual no Palácio de Versalhes.
Para criar as suas obras de grande formato, Joana Vasconcelos recorre frequentemente a objetos quotidianos, que a artista descontextualiza e reinterpreta, transformando-os numa espécie idiossincrática de peça de arte surreal, refere o museu alemão.
Para o conseguir, a artista recorre também a materiais como azulejos, cerâmicas ou tecidos, empregando técnicas tradicionais de artesanato, como, por exemplo, crochê, costura e tricô.
“Foi assim que surgiram as suas ‘Valquírias’, seres bizarros e volumosos feitos de tecido, que tomaram conta do seu ambiente com um grande efeito”, acrescenta a instituição, sublinhando que, “ao fazer isso, os seus trabalhos lidam com questões de identidade cultural e papéis de género, e revelam pontos de contacto com estratégias artísticas que também inspiraram Max Ernst e os surrealistas”.
Joana Vasconcelos retoma muitas vezes os icónicos símbolos da arte folclórica tradicional, como é patente na sua instalação “Coração Independente Vermelho”, um objeto de grandes dimensões, feito de talheres de plástico e acompanhado de música de fado.
Outro destaque da exposição é o trabalho “Carmen Miranda”, um sapato de salto alto de três metros de altura feito de panelas e tampas de aço soldadas, que entra em diálogo com a grande escultura de Max Ernst “Capricórnio”, da coleção permanente, no chamado salão de dança do Museu.