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Como estamos e para onde vamos?

A análise da Dupliconta sobre o estado da economia portuguesa em matéria de crescimento e emprego para 2020.

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Neste artigo, pretendo realçar algumas considerações sobre as várias perspectivas que as instituições, nomeadamente FMI, Banco Portugal, OCDE e Governo têm sobre o comportamento económico que Portugal tem e poderá vir a ter no próximo ano. É sabido que as economias funcionam interligadas umas às outras e há quem diga que vem a caminho uma nova crise financeira, nomeadamente os economistas Nouriel Roubini e Brunello Rosa, co-fundadores da consultora Rosa & Roubini Associates. Estes experts advertem, num artigo de opinião publicado no Financial Times, para o risco de estar a ser fermentada uma nova crise financeira e uma recessão global que poderão tomar forma em 2020.

Num artigo para assinalar os 10 anos da falência do Lehman Brothers, as advertências são várias e os autores antecipam que os mercados vão confrontar-se com condições muito mais duras à medida que a economia mundial vai desacelerando.

«Numa altura em que assinalamos os 10 anos da crise financeira mundial, têm surgido inúmeros post-mortem que analisam as suas causas e consequências e que se questionam sobre se aprendemos as necessárias lições», referem os especialistas para logo adiantarem que «este parece ser um momento pertinente para perguntar quando – e porquê – ocorrerá a próxima recessão e crise financeira».

Sendo assim, ambos apontam para 2020 como o ano em que isso poderá suceder: «a expansão global deverá continuar este ano e no próximo – porque os EUA estão a apresentar grandes défices orçamentais, a China prossegue as suas políticas de estímulo e a Europa mantém-se na vida da recuperação».

Estas são considerações muito pertinentes sobre o estado ainda débil de vários países, sendo que acredito que ainda vamos viver mais crises financeiras, pois os ciclos repetem-se e parece-me que não aprendemos com os efeitos das crises passadas.

Assim, perguntamos: como está a economia portuguesa?

O Governo, Banco de Portugal e instituições internacionais actualizaram as suas projecções para a economia portuguesa, isto significa menos crescimento, mas menos desemprego. Menos défice e menos dívida. Estas instituições mostram um país em que é necessário corrigir desequilíbrios orçamentais, mas também a perder gás no crescimento económico. Tanto este ano como no próximo.

Para este ano, é quase unânime a ideia de que o PIB vai crescer 2,3%, depois dos 2,7% em 2017. Só a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) põe Portugal a crescer menos, ainda que pouco menos. Para 2019, praticamente todos vêem a economia a perder fulgor, com excepção para o Governo que vê a economia nacional a repetir o crescimento do ano anterior.

O actual momento do ciclo económico e no mercado laboral permitem às instituições antecipar progressos na frente orçamental. Todos vêem o défice e a dívida a baixar. No saldo orçamental, Bruxelas parece um pouco mais cautelosa na avaliação dos progressos. A previsão de um défice de 0,7% este ano é praticamente unânime entre as organizações que fazem previsões para o saldo orçamental. Só Bruxelas espera um resultado pior. Para 2019, todos esperam que o défice continue a baixar.

Apesar de todas as organizações esperarem uma redução da dívida em percentagem do PIB, ela vai continuar a rondar a barreira dos 120% este ano e no próximo.

Para o Banco de Portugal, a economia abranda e desemprego cai até 2020. Está previsto um crescimento económico, mas algum amortecimento que não penalizará o emprego.

A actividade económica em Portugal deverá continuar a crescer até 2020 a um ritmo idêntico ao projectado em Dezembro do ano passado. Depois de ter aumentado 2,7% em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 2,3% em 2018, 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020, uma evolução que está em linha com o crescimento estimado pelo Banco Central Europeu para o conjunto da área do euro, de acordo com as projecções do Banco de Portugal para 2018-2020.

É expectável que o desemprego deverá cair para 5,6% em 2020. O consumo privado deverá continuar a crescer de forma moderada, a um ritmo, em média, ligeiramente inferior ao da actividade. O consumo privado desacelera em linha com a evolução do rendimento disponível real, crescendo 2,1% em 2018, 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020.

De acordo com as projecções, a economia portuguesa continuará a apresentar capacidade de financiamento até 2020. O excedente da balança corrente e de capital deverá aumentar 0,7 pontos percentuais em 2018, para 2,1% do PIB, mantendo-se em torno de 2% do PIB ao longo do horizonte de projecção. Quanto à inflação, estima-se que os preços no consumidor, depois de terem aumentado 1,6% em 2017, cresçam 1,2% em 2018, 1,4% em 2019 e 1,5% em 2020.

As actuais projecções evidenciam que, depois de uma fase recessiva sem precedentes, a economia portuguesa deverá crescer a um ritmo superior ao potencial no período 2018-2020, tirando partido de um enquadramento internacional favorável. Contudo, persistem fragilidades estruturais que não devem ser ignoradas, traduzindo os vários desafios demográficos, tecnológicos e institucionais que condicionam o potencial de crescimento da economia portuguesa.

A prevalência de taxas de crescimento da actividade mais elevadas em Portugal e na área do euro, estará, por conseguinte, dependente de um maior crescimento da produtividade.

E são estas as considerações da Dupliconta para esta semana, relativas ao estado da economia portuguesa em matéria de crescimento e emprego para 2020.

Luís Freitas - Sociedade de Contabilidade e Gestão, Lda (Grupo Dupliconta)

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