Asas de defunto Caudillo
A Espanha, país ao lado e mais acima de nós em quase tudo, não tem meio, ao que parece, de se livrar do velho criminoso, que teve guarida de luxo em Vale dos Caídos. Ali por terras de Castela não há falta de habitação, e o Generalíssimo, encontra sempre um lugar de repouso, por terra ou pelo ar. Os espanhóis, bascos e catalães, não o queriam perto, nem pintado de sangue, e resolveram dar-lhe outra estadia para acabar de vez com o ditador. Tal galego de Ferrol, fez a vida negra até à matança por ele dirigida, a tantos espanhóis, e a quem se lhes juntou na guerra quase fratricida(!), que só ao fim de 44 anos, após ter morrido e já apeado do poder opressor, é que foi possível arrumar os seus restos, as suas ossadas carregadas de ódio e de o trasladar para inferno diferente e menos provocador. Mas nem ao fim deste tempo todo, a sua figura deixou de pairar e de sobrevoar os céus de Espanha. Foi necessário, elevá-lo no ar, removê-lo de helicóptero, e fazê-lo voar pela última vez, para ainda assim impor a sua presença e obrigar os espanhóis a levantar a cabeça neste acto de despedida, finalmente, e ainda deixando na terra alguma polémica, em alguns corações saudosos e também despedaçados pela ira. Que o novo inquilino, agora junto da sua mulher, receba como visitas, o seu agora senhorio - o Diabo, e juntos cantem A Carmen, que é uma Ópera bonita!
Joaquim A. Moura