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Luís Montenegro anuncia hoje disponibilidade para disputar liderança do PSD

Foto PAULO SPRANGER/Global Imagens
Foto PAULO SPRANGER/Global Imagens

O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro anuncia hoje a sua disponibilidade para disputar a presidência do partido, em conferência de imprensa no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelas 16:00.

A informação foi transmitida na quinta-feira por fonte próxima do antigo deputado social-democrata, segundo a qual Luís Montenegro defenderá que se devem realizar “eleições já”.

A antecipação do calendário eleitoral terá de passar por uma deliberação do Conselho Nacional, estando em curso um movimento de algumas distritais de recolha de assinaturas para a realização de uma reunião extraordinária deste órgão, com vista à apresentação de uma moção de censura à direção de Rui Rio.

O anúncio de Luís Montenegro acontece quando o presidente do PSD, Rui Rio, está prestes a completar um ano à frente do partido -- foi eleito em 13 de janeiro contra Pedro Santana Lopes com 54% dos votos -- e quando ainda falta outro para completar o seu mandato.

Luís Montenegro, 45 anos, deu na quarta-feira um sinal de que o seu compasso de espera no partido estaria prestes a terminar: “Muito em breve falarei sobre o estado do PSD, falarei mesmo sobre o futuro do PSD porque entendo que este estado de coisas tem de acabar e isto tem de mudar: o PSD assim não se vai conseguir afirmar”, argumentou, no programa “Almoços Grátis” da TSF.

Nas últimas diretas, Montenegro apoiou Santana Lopes contra Rui Rio na reta final da campanha interna e, no Congresso de fevereiro, assumiu-se como uma reserva para o futuro, depois de ter considerado em outubro de 2017 “não estarem reunidas as condições pessoais e políticas” para disputar então a liderança do PSD, na sequência da saída de Passos Coelho.

“Desta vez decidi dizer ‘não’. Se algum dia decidir dizer sim, não vou pedir licença a ninguém”, avisou em 17 de fevereiro de 2018, no Congresso do PSD.

Em outubro do ano passado, quando o autarca de Loures André Ventura -- que, entretanto, saiu do PSD para formar um novo partido -- disse estar a recolher assinaturas para um Congresso extraordinário do PSD com o objetivo de destituir Rui Rio, Montenegro recorreu à mesma frase para ‘travar’ a iniciativa.

“Da mesma maneira que já disse que não pedirei licença a ninguém [para ser candidato à liderança], também digo que não avançarei para nada empurrado por ninguém”, afirmou, em entrevista ao Expresso, onde também considerou que “Rui Rio tem o direito a disputar as eleições legislativas em 2019”.

Quando deixou o parlamento, em 05 de abril de 2018, Luís Montenegro afirmou, em entrevista à Lusa, que o seu desejo era que o presidente do partido fosse primeiro-ministro em 2019, considerando “um erro colossal” colocar a hipótese de Rui Rio não terminar o mandato.

Montenegro chegou a São Bento a 05 de abril de 2002 aos 29 anos com Durão Barroso como primeiro-ministro, permanecendo como deputado durante 16 anos consecutivos eleito sempre pelo círculo de Aveiro.

Em junho de 2011, anuncia a sua candidatura à liderança parlamentar, cargo que exerce durante seis anos consecutivos e sempre sem oposição até 19 julho de 2017, por ter atingido o limite de três mandatos consecutivos, tornando-se o presidente de bancada mais duradouro no PSD.

Na disputa da liderança entre Luís Marques Mendes e Luís Filipe Menezes em 2007, é mandatário distrital do segundo, e, em 2008, assume o lugar de porta-voz da candidatura à liderança de Pedro Santana Lopes, contra Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho. Em nova disputa interna em 2010 apoia Passos Coelho (contra Rangel e Aguiar-Branco).

As faltas parlamentares para assistir a jogos do FC Porto, clube do qual é adepto, e da seleção nacional ou a sua alegada pertença à mesma loja maçónica do ex-diretor dos serviços de informação Jorge Silva Carvalho - que nunca confirmou nem desmentiu -- foram algumas das polémicas que viveu na Assembleia da República.

Adepto da redução de deputados e do voto preferencial, Montenegro já defendeu a extinção do Tribunal Constitucional -- que passaria a funcionar como uma secção do Supremo Tribunal de Justiça -- e sugeriu um sistema eleitoral como o grego, em que o partido vencedor das eleições obtém um ‘bónus’ de 50 deputados, facilitando as maiorias absolutas.

Foi um apoiante convicto do atual Presidente da República, a quem Marcelo Rebelo de Sousa retribuiu elogiando as suas “qualidades invulgares” e vaticinando-lhe “muitos sucessos políticos” ainda ao longo do seu mandato em Belém, que só termina em 2021.