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João Fazenda, Tóssan e novos autores na Festa da Ilustração de Setúbal

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Um concerto de ilustradores que são músicos, uma falsa retrospetiva de João Fazenda e uma exposição para redescobrir Tóssan fazem parte da Festa da Ilustração, que começa hoje em Setúbal.

Com a pergunta “É preciso fazer um desenho?”, a Festa da Ilustração cumpre a quarta edição com um programa de exposições dedicadas à ilustração portuguesa e a inaugurar em vários espaços de Setúbal, da Casa da Cultura à Casa Bocage, do Museu do Trabalho Michel Giacometti à Galeria Municipal do Banco de Portugal.

Olhando para o programa - que se estenderá pelo mês de junho -, João Paulo Cotrim, um dos curadores da Festa da Ilustração, destacou à agência Lusa duas exposições que, depois de Setúbal, deverão circular pelo país: A mostra “Bricolage”, de João Fazenda, e a exposição “A vida é engraçada, mas eu levo-a muito a sério”, dedicada a Tóssan.

Sobre “Bricolage”, que inaugura na sexta-feira à noite na Casa da Cultura, João Paulo Cotrim explica que “não é bem uma retrospetiva em sentido clássico, porque tem um cheiro a mausoléu. É uma exposição com vários momentos do percurso de João Fazenda, não apenas cronológicos”.

“Há muito tempo que ele é uma referência, no modo de ver as coisas e no modo como as coloca no papel”, afirma o curador a propósito de João Fazenda, 39 anos, um dos mais criativos ilustradores da geração dele, cujo trabalho se estende do livro infantil e não infantil ao cinema de animação, passando pela ilustração para imprensa, como a revista Visão e o jornal New York Times.

Em Setúbal estarão algumas das ilustrações para a crónica semanal “Boca de inferno”, de Ricardo Araújo Pereira, na Visão, cadernos de desenhos, banda desenhada e trabalho para livro infantil.

A Festa da Ilustração assinalará ainda o centenário do nascimento de Tóssan, nome artístico do ilustrador e designer gráfico António Fernando dos Santos, que morreu em 1991 aos 73 anos.

A exposição, que apresentará inéditos de Tóssan, feitos para imprensa, capas de livros e ilustração para crianças e até de colaborações no Brasil, permitirá descobrir um autor de culto no meio da ilustração e do design gráfico, possivelmente desconhecido para muitos portugueses.

“Andamos a caminhar em cima de pérolas”, afirma João Paulo Cotrim a propósito de autores como Tóssan, cuja obra foi relevante e importante, mas que tem ficado pelo caminho por falta de reedição ou de um trabalho mais aprofundado de investigação.

O terceiro momento desta Festa da Ilustração destacado pelo curador é o concerto, no sábado na Casa da Cultura, intitulado “Chegou o homem dos sete instrumentos”, protagonizado por ilustradores e designers que também são músicos. A saber: João Maia Pinto, Miguel Feraso Cabral, Jibóia, Gonçalo Duarte e Bruxas/Cobras.

Desta quarta edição fará parte ainda uma nova exposição coletiva dedicada à nova ilustração portuguesa, uma espécie de balanço do que tem sido feito recentemente, outra com trabalhos de ilustradores residentes no concelho de Setúbal e uma mostra com trabalhos de detidos do Estabelecimento Prisional de Setúbal.

Destaque ainda para a exposição do designer Alberto Lopes, autor da capa de “Galinhas do mato”, o último disco de originais de Zeca Afonso, e a de João Silva Duarte, ilustrador de contos de Hans Christian Andersen.

Toda a programação está em http://www.festailustracaosetubal.pt.