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‘Vice’ da bancada do PS Neto Brandão diz respeitar decisão de Sócrates se desfiliar

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O vice-presidente da bancada do PS Filipe Neto Brandão afirmou hoje respeitar a decisão de José Sócrates de se desfiliar do PS, embora lamentando “a situação que está subjacente” a essa decisão.

À entrada para o plenário na Assembleia da República, apenas o deputado Filipe Neto Brandão aceitou falar aos jornalistas sobre a desfiliação de Sócrates, comunicada na quinta-feira ao partido por carta e hoje anunciada no Jornal de Notícias.

“É uma decisão que cabe ao próprio, respeito obviamente, lamentando a situação que está subjacente a essa decisão”, afirmou Filipe Neto Brandão.

Questionado se esta desfiliação acontece no ‘timimg’ certo, a poucas semanas do congresso do PS, Neto Brandão remeteu a escolha do momento para José Sócrates.

Sobre se esta saída do antigo primeiro-ministro e secretário-geral do PS poderá ser positiva para o PS, o vice-presidente da bancada socialista considerou que será positiva para o próprio.

“O engenheiro José Sócrates, a partir do momento que não tem filiação partidária, poderá desenvolver a defesa dos factos em matéria criminal com maior liberdade do que enquanto militante do PS”, disse.

Questionado se partilha da posição de outros dirigentes do partido, incluindo o presidente Calor César, de que as suspeitas criminais sobre Sócrates e Manuel Pinho envergonham o partido, caso se confirmem, o deputado respondeu: “Quem não achará? A comprovação de factos ilícitos criminais não pode deixar de ter essa interpretação”.

O porta-voz do PS e deputado João Galamba escusou-se a fazer declarações aos jornalistas sobre este tema, tal como o ‘vice’ da bancada João Paulo Correia ou deputados como Susana Amador ou Maria da Luz Rosinha.

Pelas 11:15 o presidente do PS e líder da bancada socialista, Carlos César, fará uma declaração à comunicação social na Assembleia da República sobre este tema.

José Sócrates aderiu ao PS em 1981 e foi secretário-geral do partido entre 25 de setembro de 2004 e 06 de junho de 2011.

Ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2005 e 2011. Obteve, em 2005, a primeira maioria absoluta da história do PS em eleições legislativas.

O antigo secretário-geral do PS e primeiro-ministro José Sócrates anunciou hoje que pediu a desfiliação do partido para acabar com um “embaraço mutuo”, após críticas da direção que, na sua opinião, ultrapassam os limites do aceitável.

Num artigo publicado hoje no Jornal de Notícias, José Sócrates, principal arguido na Operação Marquês, acusado de vários crimes económico-financeiros, nomeadamente corrupção e branqueamento de capitais, diz que está a ser alvo “uma espécie de condenação sem julgamento”.

O anúncio de José Sócrates surge depois das declarações do líder parlamentar, Carlos César, de vários militantes do PS e do primeiro-ministro e atual secretário-geral socialista, António Costa, que disse na quinta-feira que ninguém está acima da lei.

O presidente do PS e líder parlamentar socialista, Carlos César, tinha afirmado esta quarta-feira em declarações à rádio TSF que o partido se sente “envergonhado” com as suspeitas que recaem sobre Manuel Pinho, antigo ministro da Economia do Governo de José Sócrates, salientando que a “vergonha é ainda maior” no que diz respeito ao processo de Sócrates por se tratar de um antigo primeiro-ministro.

“Sou agora forçado a ouvir o que não posso deixar de interpretar como uma espécie de condenação sem julgamento. Desde sempre, como seu líder, e agora nos momentos mais difíceis, encontrei nos militantes do PS um apoio e companheirismo que não esquecerei. Mas a injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político”, sublinhou Sócrates.

“Considero, por isso, ter chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo. Enderecei hoje uma carta ao partido Socialista pedindo a minha desfiliação do partido”, anuncia no artigo de opinião.