Portugal é o 2.º país europeu que mais investimento directo recebeu da China
Um estudo divulgado hoje, em Madrid, pela escola espanhola de ensino superior Esade coloca Portugal, tendo em conta a sua dimensão económica, como o segundo país europeu que mais investimento directo recebeu da China de 2010 até 2016.
O relatório sobre as “Tendências do investimento chinês na Europa” revela que Portugal teve um rácio de investimento acumulado, ponderado pela sua dimensão económica, de 3,66, apenas ultrapassado pela Finlândia (4,47) e à frente da Hungria (3,11), Irlanda (2,80) e Malta (2,56).
A autora do estudo, Ivana Casaburi, professora do Esade, sublinhou na apresentação do relatório que no caso de Portugal, os investimentos são mais “diversificados” em vários sectores do que noutros países e estão “concentrados” no período de 2011 até 2014.
A China investiu em Portugal um total de 7.321 milhões de dólares (6.249 milhões de euros ao câmbio de hoje) entre 2010 e 2016, sendo o sétimo país europeu que mais investimentos chineses recebeu a seguir ao Reino Unido (32.080 milhões de dólares), Alemanha (18.610), Itália (15.810), França (12.930), Finlândia (10.580) e Irlanda (8.220).
O gigante asiático converteu-se em 2016 no segundo maior investidor do mundo com um total de 170.110 milhões de dólares norte-americanos, tendo um quarto deste montante (41.150 milhões) tido a União Europeia (UE) como destino, um aumento de 31% em relação ao ano anterior.
“A China ocupa uma posição privilegiada para substituir os Estados Unidos como impulsionador da globalização”, destaca o relatório, mas acrescenta que “o facto de o gigante asiático controlar fortemente o seu mercado interno e as suas empresas públicas no exterior retira credibilidade a este papel”.
Em 2016, os destinos mais importantes na Europa para o investimento chinês foram a Alemanha (11.260), a Finlândia (10.490) e o Reino Unido (10.350), com Portugal a ocupar a décima quarta posição com 90 milhões de dólares.
No caso de Portugal, em 2016 “não houve operações com a envergadura dos anos anteriores”, mas o relatório sublinha que nesse ano a Fosun anunciou a intenção de acompanhar o aumento de capital do BCP (Banco Comercial de Português), a fim de atingir o objetivo de controlar 30% da entidade financeira.
Ivana Casaburi também destaca a entrada “particularmente interessante” da Hainan Airlines no capital da TAP, através do consórcio Atlantic Gateway.
O relatório assinala que as empresas e os sectores tecnológicos europeus, que até há poucos anos praticamente não atraiam o investimento chinês, converteram-se num dos “principais objectivos” das operações de aquisição do gigante asiático.