Estimativa de cinco mil médicos a menos no SNS significa que faltavam oito mil em 2015
O ministro das Finanças disse ontem que se as estimativas indicam cinco mil médicos em falta no Serviço Nacional de Saúde isso significa que faltavam oito mil há três anos e prometeu maior autonomia para a gestão dos hospitais.
Numa audição parlamentar conjunta nas comissões de Saúde e Finanças, Mário Centeno insistiu diversas vezes que o Serviço Nacional de Saúde tem hoje mais 8.480 trabalhadores do que em 2015.
“Podemos admitir que as necessidades não estão satisfeitas. E se há a estimativa de faltarem 5.000 médicos hoje, significa que em 2015 faltavam 8.000. Entre faltarem 8.000 ou 5.000 há uma recuperação de 3.000”, declarou em resposta aos deputados que o questionaram sobre a falta de recursos humanos no SNS.
A Ordem dos Médicos tem estimado em diversas ocasiões que faltem no SNS entre quatro a cinco mil médicos especialistas.
Mário Centeno assegurou que o Governo tem canalizado “objectivamente mais recursos para o SNS”, aludindo a um “aumento de 13% da despesa efectiva”.
Também em termos de produção, de número de consultas ou cirurgias, o ministro das Finanças disse que o país está “hoje incomparavelmente melhor”.
Mário Centeno assume que “o financiamento da saúde é um desafio” que “requer uma resposta diária” e comprometeu-se a “introduzir um conjunto adicional significativo de níveis de autonomia na gestão hospitalar”.
Lembrando que os “serviços públicos com dívidas em atraso têm dificuldade adicional em executar despesa”, Centeno prometeu que o Governo vai libertar transitória e “temporariamente o SNS dessa restrição”, mas adiantou que “é algo que tem de ser feito com imensa responsabilidade”.
Em resposta às várias perguntas da oposição sobre quantos dossiers da saúde tem para despachar no seu gabinete, o ministro das Finanças disse que o número de processos na sua secretária “é infinitamente menor do que o que estava” quando o PS assumiu o Governo.
Sobre os bloqueios por parte das Finanças alegados por vários partidos da oposição, Mário Centeno adiantou que dos 106 milhões de euros de investimento na saúde, mais de 80 milhões não tiveram qualquer intervenção do seu Ministério.
A audição ao ministro das Finanças, que durou cerca de cinco horas, foi pedida pelo PSD e pelo CDS.