A seis meses das eleições presidenciais, Brasil já conta com vários pré-candidatos
No meio da polémica prisão do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, condenado por corrupção, o Partido dos Trabalhadores (PT) diz manter o apoio à sua candidatura presidencial, mas vários nomes de outros partidos já surgiram como pré-candidatos.
A lei brasileira determinou que os partidos políticos devem realizar convenções nacionais entre 20 de julho e 05 de agosto, para oficializarem as candidaturas. O registo final das candidaturas na justiça eleitoral deverá ser realizado até 15 de agosto.
O Partido dos Trabalhadores (PT), após ganhar as últimas quatro eleições presidenciais, já havia anunciado a pré-candidatura do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma decisão que pode mudar entretanto por causa dos problemas legais que pode enfrentar, com a chamada lei da Ficha Limpa, na corrida pelo Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.
Lula da Silva foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais no caso do apartamento triplex no Guarujá, cidade em São Paulo.
Os seus aliados querem que Lula da Silva recorra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para obter uma autorização para se candidatar, já que a Lei da Ficha Limpa prevê a impugnação das candidaturas de políticos condenados em segundo grau na justiça, que é o seu caso.
Outros nomes possíveis no PT são o ex-prefeito de São Paulo (2013-2016) e antigo ministro da Educação (2005-2012) Fernando Haddad, que sofre alguma resistência de setores mais de esquerda do partido, e do ex-governador da Bahia (2007-2014), que ocupou vários cargos nos Governos do PT (2003-2016), Jacques Wagner.
O ex-militar na reserva Jair Bolsonaro filiou-se recentemente ao Partido Social Liberal (PSL) e já anunciou a sua pré-candidatura ao Planalto.
Considerado muito polémico pelas suas ideias de extrema-direita, ao defender o acesso às armas, um estado cristão, contrário ao aborto e a favor do modelo tradicional de família, Bolsonaro foi eleito sete vezes deputado federal por outros partidos.
Já Geraldo Alckimin, que deixou o governo de São Paulo recentemente para concorrer nas presidenciais, teve a sua pré-candidatura oficializada pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), após a desistência de outros quadros do partido.
Esta será a segunda vez que Geraldo Alckimin irá disputar a presidência (tendo sido a primeira em 2006, quando perdeu para Lula da Silva).
O ex-juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e poderá vir a ser o pré-candidato do partido.
Joaquim Barbosa, membro do STF entre 2003 a 2014, ganhou notoriedade durante o período em que foi relator do processo “Mensalão”, que condenou políticos de diversos partidos pela compra de apoio parlamentar nos primeiros anos de governo do PT.
Entretanto, haveria conversações entre o PSDB e o PSB no sentido de uma coligação, para Joaquim Barbosa ser vice de Alckimin nas presidenciais de outubro.
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) ainda não definiu oficialmente como formará a legenda para a disputa presidencial. Entretanto, o ex-ministro Henrique Meirelles (que foi presidente do Banco Central na era Lula da Silva e Ministro da Fazenda no atual Governo) já se filiou ao partido.
O Presidente Michel Temer (MDB) não descartou a possibilidade de concorrer à reeleição e Meirelles poderá vir a ser o seu companheiro na sigla.
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes já apresentou a sua pré-candidatura às presidenciais pelo Partido Democrático Brasileiro (PDT), concorrendo pela terceira vez ao Planalto. Ciro Gomes (ex-PSDB e outros partidos) vem discursando contra as desigualdades e propondo um “projeto de desenvolvimento” para o Brasil.
A ex-senadora Marina Silva, política voltada para as causas ambientais, vai disputar a Presidência pela terceira vez consecutiva pelo partido Rede Sustentabilidade. Anteriormente, foi integrante do PT e participou mesmo no governo de Lula da Silva como ministra do Ambiente (2003-2008).
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia é o pré-candidato pelo partido Democratas (DEM), já o senador Álvaro Dias apresenta-se pelo partido Podemos e o senador e ex-Presidente do Brasil Fernando Collor (1990-1992, afastado por um “impeachment”) vai concorrer pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC).
A deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila é a pré-candidata do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) lançou como pré-candidato Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) apresentou a sindicalista Vera Lúcia como a sua candidata ao Planalto.
João Amoêdo é o pré-candidato pelo partido Novo, que ajudou a fundar, e o Partido Social Democrata Cristão (PSDC) confirmou a pré-candidatura do seu presidente nacional, José Maria Eymael, que vai concorrer pela quinta vez. Outro candidato recorrente ao cargo é o jornalista Levy Fidelix, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).
Recém-filiado ao Partido Social Cristão (PSC), Paulo Rabello de Castro, foi lançado como pré-candidato em novembro e deixou o cargo de presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para disputar a eleição.
O empresário Flávio Rocha, dono da rede brasileira de lojas de vestuário Riachuelo, filiou-se ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), que tem fortes ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), também com o objetivo de disputar as presidenciais.