Turismo

Norte-americanos já são principal mercado estrangeiro das Pousadas

Os portugueses continuam a ser os principais clientes do Grupo Pestana Pousadas, mas perderam peso em 2017, tendo-se destacado o mercado norte-americano como aquele que apresentou o maior crescimento e atingindo o lugar cimeiro entre os estrangeiros.

Em entrevista à Lusa, o presidente do grupo Pestana Pousadas, Luís Castanheira Lopes, disse que no ano passado a taxa de ocupação das pousadas "subiu para cerca de 60% e muito também por causa da alteração do perfil dos mercados".

Facto é que o mercado português continua a ser o principal, mas perdeu peso: passou para 27%, sendo os restantes 73% de clientes oriundos do estrangeiro.

"Os portugueses diminuíram percentualmente, em número absoluto não, e o mercado que está a ganhar prevalência é o americano, cujas estadas não são de fim de semana. Temos duas sazonalidades - a do inverno e a de fim de semana/semana - e estes mercados internacionais permitem atenuar a falta de portugueses durante a semana", explicou Castanheira Lopes.

O mercado dos EUA foi, assim, o que mais cresceu e é o primeiro estrangeiro, com 11% de quota. Seguem-se o inglês (10%), o alemão (7,5%), o francês (7%) e o espanhol (6,1%). Estes cinco mercados representam 45% dos clientes estrangeiros do grupo.

Questionado sobre a descida dos espanhóis, um mercado natural, o responsável refere que "este [tal como o português] não desceu em número de clientes, perdeu sim quota devido ao crescimento dos outros".

"Por isso, é que digo que há uma alteração do perfil dos nossos mercados", acrescentou.

Já sobre o acordo que chegou a ser apresentado com os Paradores Nacionais de Turismo em Espanha, disse que este "nunca chegou a ser formalizado" e que, neste momento - apesar de achar uma boa ideia -, não se está a trabalhar nisso.

Em 2017, o grupo obteve 433 mil hóspedes, mais 4,5% do que em 2016.

Quanto ao efeito da saída do Reino Unido da União Europeia ('Brexit'), Castanheira Lopes confirma "uma redução" deste mercado, o que o "preocupa", mas "ainda não é tema essencial". "Estamos muito expectantes", sublinhou.

Sobre a internacionalização das pousadas, acordada com a Enatur desde 2008, admite que estão a tratar do assunto, para obter cinco pousadas no estrangeiro.

"Uma já existe, que é a de Salvador [o Convento do Carmo no Brasil] e já estão aprovadas pela Enatur duas localizações que propusemos: uma em São Tomé, no Ilhéu das Rolas, numa antiga roça de Porto Alegre, e a outra em Montevidéu, Uruguai. Falta-nos duas localizações e estamos a analisar isso agora, à procura", afirmou, sem se querer comprometer com datas, mas garantido que é para avançar com as quatro ao mesmo tempo.

Relativamente à preocupação que o setor tem manifestado com a falta de trabalhadores no setor turístico, o responsável concorda, afirmando que, "neste momento, o problema central no Turismo são os recursos humanos".

"O Turismo de Portugal também está desperto para este problema, está a aumentar a capacidade de formação, mas não é um assunto que se resolva com uma lei e de repente. Temos que ter agora alguma paciência para aguentar que chegue essa mão-de-obra" e, admite, "desejavelmente qualificada".

Confrontado com as críticas do Sindicato da Hotelaria Norte que alertou, em 12 de fevereiro, para o facto de haver mais de 80 mil trabalhadores do setor com salários congelados e más condições de trabalho, nomeadamente nas pousadas, Castanheira Lopes refere que aquele responsável "não está bem informado" no que à sua empresa diz respeito.

"Não corresponde à realidade. Porque é verdade que durante a crise nem sempre houve aumentos salariais, mas fizemos outras coisas. O salário mínimo é de 580 euros desde janeiro, mas era de menos de 560 euros em 2017. O salário Pestana já é desde o início de 2017 de 600 euros. Ninguém no grupo ganha menos de 600 euros e ainda estamos a pensar o que fazer para 2018. Mas se compararmos o ano de 2017 - o último ano completo que temos -, temos uma diferença de 560 para 600 euros o que não é pouca coisa para um salário daquela natureza", explicou.

Em segundo lugar, acrescenta, "foi pedido aos trabalhadores um esforço nos anos passados, mas o que está a acontecer agora é que estamos a obter resultados desse esforço e o que aconteceu em 2017 é que toda a gente recebeu participação dos resultados de 2016. Não houve aumentos salariais mensais, mas é um determinado valor que se calhar dividido por esses meses não dá um aumento de 2%, dá 5% ou 10", consoante os casos, acrescentou.

Este ano, sobre os resultados de 2017, Castanheira Lopes, diz estarem a equacionar fazer o mesmo, tendo, entretanto, já alargado a todo o grupo um seguro de saúde para todos os trabalhadores com um ano de casa.

O Grupo Pestana Pousadas fechou 2017 com uma média de 650 trabalhadores.