Turismo

Agências não acreditam no projecto Click2portugal da AHP

As agências de viagens "não conseguem acreditar" na plataforma Click2portugal lançado pela associação hoteleira, disse hoje o presidente da APAVT, acrescentando que há projectos que, "aparentemente, apenas são desenvolvidos porque há fundos europeus".

Em Outubro, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) lançou a plataforma de reservas de hotéis ‘online’ Click2Portugal.com, aberta a todas as unidades hoteleiras, para além dos 700 associados da AHP.

O Click2Portugal é um projecto desenvolvido pela AHP que visa a capacitação dos hotéis para o digital, possibilitando fazer reservas com a vantagem da as fazer de forma direta, e foi cofinanciado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e Feder, com um investimento de um milhão de euros.

Hoje, no seu discurso de abertura do 44.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em Ponta Delgada, Açores, Pedro Costa Ferreira garantiu que as agências de viagens não estão ofendidas com este lançamento pela AHP, nem tão pouco foram surpreendidos, mas que não conseguem acreditar no projeto.

"Em primeiro lugar, não estamos ofendidos. Não acreditamos em liberdade económica só quando ela nos beneficia. A AHP, e os hotéis, têm todo o direito de desenvolverem os projetos em que acreditam, envolvam eles, ou não, agências de viagens [...]. Em segundo lugar, não fomos surpreendidos. Como já tive oportunidade de referir, estamos bem cientes de que a concorrência se desenvolve de forma muito mais relevante ao longo da cadeia de valor, do que entre o nosso próprio setor", disse Pedro Costa Ferreira.

"E em terceiro lugar, e digo-o aqui e agora, exatamente para não ter o comportamento abutre que critiquei, mas para que as minhas ideias possam ser escrutinadas, não conseguimos acreditar no projeto", sublinhou o presidente da APAVT perante uma plateia de empresários e gestores de todos os setores do Turismo.

O presidente da APAVT admite que foi exactamente no congresso de há um ano que se concluiu que a tecnologia é imprescindível à rentabilidade, mas, "porém, não qualquer tecnologia".

"Projetos que nascem para competir na área do mercado global, com custos de tecnologia e visibilidade simplesmente impensáveis para o mercado português, e margens absolutamente esmagadas, são projetos que tendem a não sair da casa de partida. A tecnologia ficará obsoleta rapidamente, a visibilidade mínima nunca será atingida".

"Há projectos que podem ser ajudados pelos fundos europeus. E há projetos que, aparentemente, apenas são desenvolvidos, porque há fundos europeus. Na óptica da APAVT, estes últimos nunca deveriam conhecer a luz do dia, não beneficiam o setor nem quem os desenvolve", sublinhou.

O congresso da APAVT, que hoje começa, reúne mais de 600 pessoas para discutir "Turismo em Portugal: Os desafios do Crescimento"