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May e Juncker reúnem-se para decidir modalidades do Brexit

Foto Reuters
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A primeira-ministra britânica reúne-se hoje com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker para finalizar o acordo de princípio sobre a saída do Reino Unida da União Europeia.

Após a reunião com Jean-Claude Juncker, a chefe do Executivo britânica deve encontrar-se com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Theresa May enfrenta os contactos em Bruxelas numa altura em que se encontra pressionada pela oposição do próprio Partido Conservador e vai, por isso, tentar convencer a Comissão Europeia de que já foram alcançados progressos suficientes na primeira fase das negociações.

Para May já é possível passar-se à segunda fase das negociações que devem ficar marcadas pelo acordo comercial entre as duas partes, tal como exigem os conservadores britânicos.

“Vai ser difícil, mas é possível se os britânicos forem razoáveis” disse à France Presse uma fonte diplomática europeia acrescentando que ficam por negociar “quatro ou cinco pontos” nos três dossiers considerados prioritários.

As reuniões de hoje são também apontadas como decisivas para a próxima cimeira europeia marcada para o dia 15 de Dezembro.

Os modelos financeiros da separação parecem estar encaminhados, mas a questão dos cidadãos expatriados e o futuro da fronteira irlandesa tornaram-se em assuntos de grande complexidade, nas últimas semanas.

Os “progressos suficientes” nas negociações são a condição imposta pelos 27 países aceitarem o início da segunda fase das negociações, incluindo os pontos sobre o futuro das relações comerciais entre Londres e a União Europeia.

O Reino Unido tem mostrado urgência quanto ao início da segunda fase das negociações, mas Bruxelas exige compromissos e garantias sobre as modalidades da ruptura.

Se os 27 concordarem com os argumentos de Theresa May as discussões sobre as relações comerciais após o Brexit podem começar em janeiro de 2018 mas caso se verificarem entraves no processo a seguinte fase só pode realizar-se em fevereiro ou março, segundo as mesmas fontes diplomáticas da France Presse.

Hoje, os encontros são cruciais porque o dia 04 de dezembro foi fixado pela União Europeia como data limite para a apresentação e argumentação final das ofertas britânicas no quadro da primeira fase das negociações.

As propostas que vão ser apresentados por May hoje em Bruxelas devem ser debatidas pela Comissão Europeia na próxima quarta-feira, na presença do negociador chefe da União Europeia, Michel Barnier.

Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação social europeus publicaram que Londres e Bruxelas têm discutido o acordo sobre o regulamento financeiro da separação sendo que os valores indicados oscilam entre os 45 e 55 mil milhões de euros.

As notícias sobre os valores têm sido desmentidas por ambas as partes, mas o comissário europeu, Phil Hogan, afirmou que Londres “apresentou propostas muito próximas das exigências dos 27 Estados membros”.

A “questão irlandesa” tem sido um grande ponto divergente pois Dublin exige compromissos a Londres para que seja evitado o regresso à fronteira física entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte.

Segundo Dublin o estabelecimento de fronteiras pode atingir de forma negativa as economias dos dois países e ao mesmo tempo fragilizar o acordo de paz de 1998 que pôs termo a trinta anos de conflito armado.

“A oferta britânica é inaceitável para a Irlanda e é também para a União Europeia”, disse na sexta-feira Donald Tusk demonstrando apoio em relação à “questão irlandesa”.

De acordo com o Parlamento Europeu o chamado terceiro dossier, sobre os direitos dos cidadãos, está também longe de estar concluído.

O Parlamento Europeu pede compromissos sobre o papel do Tribunal de Justiça da União Europeia para que sejam garantidos os direitos dos cidadãos europeus que se encontrem em território britânico depois de ser formalizado o Brexit.

Sobre os assuntos relacionados com os direitos dos cidadãos, Junker e Barnier recebem uma delegação de deputados europeus hoje de manhã, antes do encontro com Theresa May.