Motéis registam quebra no Natal mas esperam ocupação elevada na passagem do ano
Entre as tradições familiares, a procura por motéis em Portugal sofre uma grande redução no Natal e alguns fecham portas na noite da Consoada, uma semana antes de um dos melhores momentos do negócio – a passagem do ano.
Concentrados em grande parte nos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro, os motéis disponibilizam diferentes tipos de quartos e períodos de ocupação (desde algumas horas a uma noite como num hotel), com pouco ou nenhum contacto com funcionários, mas os espelhos no teto, os ‘jacuzzi’ e as camas redondas não são suficientes para impedir que os dias 24 e 25 tenham poucos clientes, como referiram à Lusa empresários e colaboradores de cerca de uma dezena destes espaços.
“Esses dias são os piores do ano, são muito fracos. Na noite de Natal vendemos cerca de 30% de um dia normal”, atesta Alberto José Diniz, diretor interino do Motel Havay, em Leça do Balio (Matosinhos).
A unidade, uma das mais antigas do Grande Porto, com 18 anos e meio, mantém-se aberta todos os dias do ano, mas no Natal funciona com “o mínimo de funcionários”, dada a fraca clientela, e os preços habituais.
Já o D’lirius Azuis, aberto há 13 anos em Sintra, encerra entre as 15:00 do dia 24 e a mesma hora do dia seguinte.
“Quase não tem procura. Tudo o que seja uma festa de família – até num domingo se nota – é fraco. Somos um país muito católico. Já aconteceu vir aqui pouco antes da ceia de Natal e ver um carro a querer entrar, mas mesmo os não católicos refugiam-se mais nos hotéis”, descreve Fernando Machado, da gerência.
Também na Mealhada, no Príncipe Encantado, com 25 anos, se optou por fechar portas na noite de Natal, pela reduzida procura.
“O negócio é fraco. A passagem do ano é diferente, a procura é elevada”, indica a administração, referindo que os preços não vão ser alterados.
Fernando Machado confirma: tal como no Dia dos Namorados, a última noite do ano consegue uma ocupação completa dos 38 quartos do D’lirius Azuis, a partir das 22:30 do dia 31 e até às 14:00 do dia 01. Por isso, além de preços diferentes, a ‘despedida’ implica reservas, mediante pagamento e em particular para as suítes mais caras (em menor número).
Segundo uma funcionária de outro motel da Grande Lisboa, que não se quis identificar – “tal como no contacto com os clientes” -, uma parte significativa das reservas é feita com alguma antecedência.
“É aquela noite de festa diferente, não é tão virada para a família, as pessoas gostam de combinar uma coisa mais romântica e de surpreender, começar o ano com a pessoa por quem estão apaixonadas ou com um grupo divertido”, comenta, referindo que as reservas são feitas tanto por homens como por mulheres.
João Castro, de 34 anos e engenheiro, é um adepto do “fim de ano romântico” e há quatro anos que opta por um motel nesta data, juntamente com a namorada. Já experimentou três espaços diferentes, em Sintra, Loures e Braga.
Em todos eles aproveitou pacotes especiais com champanhe, pequeno-almoço e outros ‘extra’.
“Já há motéis bons em Portugal, não são sítios de mau ambiente, como muita gente pensa. Só é preciso sentido de humor, porque se pode ouvir de tudo”, conta.
No Havay, a celebração também se faz sobretudo com pacotes especiais para reserva, a preços diferentes do habitual, mas quem não tiver marcado pode ainda ter sorte com os poucos quartos que sobram.
“Por regra, conseguimos encher a casa”, diz Alberto José Diniz, apontando o período entre as 22:00 e as 13:00 como o mais procurado.
Nos últimos cinco anos, acrescenta, o movimento tem sido “sempre muito forte” tanto nesta data como do Dia dos Namorados, mas no segundo há maior rotatividade no uso das suítes e não costuma haver reservas.