Turismo

Classificação como Património Mundial revoluciona turismo de Elvas

A classificação das fortificações de Elvas como Património Mundial, pela UNESCO, provocou uma "revolução" no setor do turismo, passando a cidade a acolher turismo de todo o mundo, quando antes era dominada pelos visitantes espanhóis.

"Se há um momento marcante nas últimas décadas na viragem de Elvas é, sem sombra de dúvidas, a classificação como Património Mundial. A cidade está diferente, veem-se pessoas diferentes, de todo o mundo", diz o presidente do município, Nuno Mocinha, à agência Lusa.

As fortificações da cidade raiana de Elvas, no distrito de Portalegre, foram classificadas como Património Mundial, na categoria de bens culturais, em junho de 2012, pelo Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Inserido nesta classificação está também o "emblemático" Forte da Graça, que após obras de reabilitação no valor de 6,1 milhões de euros, foi reinaugurado no dia 27 de novembro de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Para o autarca, a reabertura do Forte da Graça "veio coroar" a classificação como Património Mundial, sublinhando que esta obra é a "mais emblemática" dos últimos anos, trazendo consigo "retorno económico" à cidade.

O Forte da Graça, mandado construir em 1763 por ordem do Marechal Wilhelm von Schaumburg-Lippe, constitui um "ex-líbris da cidade", dentro do conjunto de fortificações que estão classificadas como Património Mundial.

De acordo com a autarquia, mais de 200 pessoas trabalharam nas obras de requalificação do Forte da Graça, nomeadamente na recuperação da casa do governador, o ponto mais alto do forte, e nas casas dos oficiais.

Durante a intervenção, foram ainda repostas todas as cores originais do forte e recuperadas as estruturas, como a cisterna, a prisão, as galerias de tiro e a capela, onde foram descobertos frescos do século XIX, também alvo de intervenção.

"A classificação da UNESCO e a reabilitação do Forte da Graça vieram dar dinâmica ao turismo no concelho, mas, principalmente, um impulso muito grande a uma das mais-valias da região, a restauração", afirma, por sua vez, Vítor Carola, dirigente da Associação Empresarial de Elvas (AEE).

O dirigente da AEE acrescenta que o centro histórico de Elvas está a conhecer "um novo perfil" de turistas, notando-se, principalmente, uma presença mais acentuada de visitantes oriundos do leste europeu.

Depois de ter conquistado a classificação por parte da UNESCO, Elvas aposta agora numa candidatura conjunta das Fortalezas Abaluartadas da Raia com os municípios de Valença, Almeida e Marvão.

Este projeto pretende "ganhar dimensão transfronteiriça" e integrar, numa segunda fase, as fortalezas espanholas da raia.

A candidatura das Fortalezas Abaluartadas da Raia integra a lista indicativa ao Património Mundial de Portugal, num total de 22 bens candidatos a esta distinção da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Para Nuno Mocinha, o facto de Elvas "apostar" numa segunda candidatura em rede, vai permitir criar "um produto estruturado", levando os turistas a permanecer "mais tempo" no território.

O conjunto de fortificações de Elvas, cuja fundação remonta ao reinado de D. Sancho II, é o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres, possuindo uma área de 300 hectares.