Rotas da SATA para Europa dão prejuízos anuais de 4 a 6 milhões
As rotas para a Europa da SATA representam quatro a seis milhões de prejuízos anuais, revelou hoje o presidente da administração da empresa, tendo os partidos da oposição nos Açores sublinhado que foram mantidas por indicação do executivo açoriano.
A administração da companhia aérea dos Açores já tinha assumido, num plano de negócios até 2020, apresentado em janeiro passado, que estas rotas eram "historicamente deficitárias" e por isso seriam abandonadas depois do verão, tendo hoje o presidente da SATA, Luís Parreirão, revelado, numa audição parlamentar, em resposta a questões dos deputados do PSD, CDS, PCP e PPM, o valor do prejuízo que causam à empresa.
Os deputados da oposição lembraram que estas rotas começaram a ser feitas e se mantiveram por indicação do Governo dos Açores, único acionista da SATA, como aliás já foi assumido pelo executivo, que argumentou com a sua importância para o turismo do arquipélago.
O PSD reforçou hoje que o executivo "obrigou" a companhia a manter uma opção danosa financeiramente, enquanto o deputado do PCP, Aníbal Pires, considerou mesmo que a situação de degradação financeira da SATA se deve "às opções" que o Governo dos Açores lhe impôs sem lhe pagar os serviços que pede.
Luís Parreirão foi hoje ouvido ao longo de cerca de seis horas, em Ponta Delgada, pela comissão de inquérito ao Grupo SATA criada na Assembleia Legislativa dos Açores.
Em resposta a questões dos deputados do PSD e de Artur Lima, do CDS-PP, o administrador da SATA revelou que, ao contrário daquilo que a empresa previa, e estava contemplado no plano de negócios até 2020, não conseguiu apresentar propostas competitivas às 'low cost' que começaram a voar há um mês para os Açores para a prestação de serviços de 'handling' (serviços em terra). Segundo o PSD, a SATA apresentou a essas companhias, preços três vezes superiores aos praticados por outras empresas.
Parreirão justificou que a "estrutura de custos" da SATA com pessoal não permite competir com serviços de outras empresas de 'handling', mais recentes e com modelos de contratação diferentes e mais flexíveis.
Apesar disso, garantiu que a SATA continua a manter o objetivo de reduzir até 20% do seu pessoal, até 2020, sem fazer despedimentos.
Segundo revelou, este ano já houve um corte de pessoal de cerca de 50 pessoas com a não renovação de contratos, a cessação de contratos de substituição e reformas, dizendo que isso representará uma redução de custos de cerca de um milhão de euros anuais.
Paulo Estêvão, do PPM, quis ainda saber que resposta deu o executivo açoriano às preocupações que a SATA lhe manifestou, no final do ano passado, relativamente às dificuldades financeiras da empresa. Parreirão respondeu que viu uma resposta no aumento das transferências para companhia previstas no orçamento regional deste ano e numa "carta de conforto" do executivo para ser apresentada junto dos bancos com que está a ser negociada a reestruturação da dívida da SATA.
Após seis horas de audição, PSD, CDS e PPM consideraram que foram, porém, várias as questões a que Parreirão não respondeu, anunciando que ponderam voltar a chamá-lo à comissão.
Já o PS insistiu, nas suas perguntas, em querer saber qual o peso do fundo de pensões nos custos da empresa e qual o impacto que teve a greve realizada em 2013.
O fundo de pensões vale atualmente 26 milhões de euros e tem um custo anual de 1 milhão para a empresa, enquanto a SATA estimou que a greve de 2013 teve um custo direto de 3,5 milhões de euros, afirmou Luís Parreirão.