Turismo

Turismo dos Açores tem de apostar no combate à sazonalidade

O combate à sazonalidade é um dos maiores desafios que enfrenta o turismo dos Açores atualmente, considerou hoje o presidente da Associação para o Desenvolvimento das Ilhas dos Açores (ADELIAÇOR), Simas Santos.

Simas Santos falava num debate do IV Fórum Franklin D. Roosevelt, nas Lajes do Pico, onde sublinhou que um negócio que tem atividade durante poucos meses no ano não é viável nem sustentável e coloca problemas ao nível, por exemplo, do recrutamento de recursos humanos com qualidade.

Para Simas Santos, o setor do turismo dos Açores não tem feito um "esforço suficiente" para promover o destino nos meses do inverno, apesar das potencialidades que as ilhas têm para cativar visitantes em todas as alturas do ano, com atividades ligadas à natureza, ao desporto, ao bem-estar ou à saúde.

Por outro lado, os Açores têm no inverno temperaturas médias amenas e um clima que é muito melhor do que em outras regiões do mundo que estão à distância das ilhas de apenas um voo de média duração, como é o caso da costa leste dos EUA.

Apesar da proximidade aos EUA, os turistas oriundos deste país representam apenas 5% do total de visitantes dos Açores, pelo que Simas Santos defendeu mudanças na promoção do arquipélago na América do Norte, a começar por uma concentração dos esforços de 'marketing' em apenas três estados da costa leste dos Estados Unidos, os mais próximos da região.

O presidente da associação ADELIAÇOR referiu ainda a preservação ambiental e a sua valorização junto das populações locais e o envolvimento dos agricultores como sendo alguns dos aspetos chave para o futuro do turismo, realçando que, no entanto, os Açores têm uma "vacina" natural contra o turismo de massas, por não serem um produto de "sol e praia".

No mesmo debate, dedicado ao "turismo insustentável", um perito norte-americano nesta área, Brian Mills, considerou que a preservação da natureza e da cultura são essenciais para os Açores e mostrou casos bem-sucedidos de outros pontos do mundo que hoje se vendem como destinos sustentáveis e que podem servir de exemplo para o arquipélago.

No encerramento do fórum, o subsecretário regional Rodrigo Oliveira considerou que as políticas em marcha nos Açores vão ao encontro das estratégias defendidas por diversos oradores ao longo dos últimos dois dias, enumerando a preservação ambiental, a criação de uma "marca Açores" ou "a revolução" que está a ser operada a nível dos transportes.

O responsável do Governo dos Açores realçou ainda as oportunidades que podem surgir com o acordo comercial Europa/EUA que está a ser negociado e considerou que os emigrantes açorianos na América do Norte devem ser vistos como os "melhores embaixadores" dos produtos da região.

O Fórum Franklin D. Roosevelt é organizado a cada dois anos pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e pelo Governo dos Açores.

O administrador da FLAD Michael Baum disse no encerramento de dois dias de trabalhos que a fundação vai tentar fazer desta iniciativa "mais do que uma conferência", apoiando atividades concretas subsequentes que nasçam do fórum e dos contactos que aí se estabelecem.