Turismo

Companhias começam hoje a alterar regras de segurança no 'cockpit'

As companhias aéreas canadianas e algumas europeias começam hoje a impor a presença em permanência de duas pessoas no 'cockpit' dos aviões, numa reação à informação de que o acidente da Germanwings foi provocado pelo copiloto.

A análise da gravação do som do 'cockpit' do Airbus A320 da Germanwings que na terça-feira se despenhou nos Alpes franceses com 150 pessoas a bordo concluiu que o copiloto provocou o acidente quando estava sozinho no 'cockpit', depois de impedir a entrada do piloto.

"Quando um ocupante sair do 'cockpit', passará a ser exigido que nele permaneçam duas pessoas", explicou na quinta-feira o responsável de operações de voo da companhia 'low cost' norueguesa Norwegian, Thomas Hesthammer, à agência France-Presse.

"É algo que discutíamos há muito tempo, mas este episódio acelerou o processo", acrescentou, precisando que a alteração das regras vai ser aplicada a partir de hoje, uma vez obtida a aprovação da autoridade norueguesa de aviação civil.

Outra companhia, a islandesa Icelandair, anunciou a adoção da mesma medida. "Devido às informações que recebemos sobre o acidente em França", disse um porta-voz da empresa, Gudjon Arngrimsson.

Por parte da britânica easyJet, um comunicado divulgado na quinta-feira refere que a companhia aérea de baixo custo "confirma que a partir de amanhã [sexta-feira] alterará os seus procedimentos" no sentido da permanência a todo o tempo de duas pessoas no 'cockpit' dos seus aviões.

No Canadá, a ministra dos Transportes, Lisa Raitt, afirmou que a medida entra "imediatamente em vigor" e aplica-se a todas as companhias aéreas do país.

O Governo português pediu ao Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) para fazer uma avaliação sobre a atual segurança de voo e emitir recomendações, caso seja necessário reforçá-la, disse na quinta-feira à Lusa .

"Pedimos ao regulador [INAC], enquanto responsável por matérias de segurança (...) que fizesse um diagnóstico sobre a situação de segurança de voo e, se entender conveniente, que nos faça recomendações no sentido de reforçar essa mesma segurança", disse à Lusa o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro.

A federação alemã dos transportes aéreos anunciou também que defende a mudança das regras nos voos, de modo a que haja sempre dois membros da tripulação na cabine de comando.

As regras atuais para a aviação civil europeia não impõem a presença permanente de duas pessoas no 'cockpit' quando um dos seus ocupantes, o piloto ou o copiloto, tenha de se ausentar por qualquer razão.

A companhia finlandesa Finnair já aplicava esta medida. "O manual já prevê duas pessoas em permanência no 'cockpit'. Se um piloto se quiser ausentar, outro membro da tripulação tem obrigatoriamente de entrar", explicou a porta-voz da Finnair, Päivyt Tallqvist.

A investigação ao acidente em França conclui que o piloto do voo da Germanwings se ausentou do 'cockpit', provavelmente para usar a casa de banho, e foi impedido de voltar a entrar pelo copiloto, que bloqueou a porta.

Nesse período, o copiloto acionou deliberadamente o processo de descida do avião, ignorando as pancadas na porta, as tentativas de comunicação da torre de controlo e os alarmes do próprio aparelho.

O avião acabou por embater numa montanha, matando todas os 144 passageiros e seis tripulantes a bordo.