Turismo

Governo dos Açores sublinha potencial turístico das reservas da biosfera

O secretário regional da Agricultura e Ambiente  dos Açores, Neto Viveiros, sublinhou hoje que as zonas classificadas como  reserva da biosfera poderão potenciar o turismo no arquipélago, mas admitiu  que ainda há "muito trabalho" a fazer.

"É uma forma de publicitar os Açores, de chamar gente, e uma garantia  de que aqui são preservados valores ambientais e valores culturais, que  hoje em dia fazem parte dos destinos turísticos mais importantes do mundo",  sublinhou Neto Viveiros, que falava na ilha do Faial, na sessão de abertura  do 12.º Encontro Internacional RedBios ((Rede das Reservas da Biosfera do  Atlântico).

Neto Viveiros admitiu que, no entanto, há ainda "muito trabalho" a fazer  para aproveitar as potencialidades geradas com a classificação de reservas  da biosfera da Unesco (a agência das Nações Unidas para a Educação, Cultura  e Ciência) das ilhas da Graciosa, Flores e Corvo.

Algumas destas ilhas ainda possuem problemas ambientais, como a existência  de lixeiras a céu aberto, que o Governo Regional tem vindo, aos poucos,  a resolver, com a criação de centros de processamento de resíduos.

"Se a questão da conservação está no bom caminho, vamos tentar agora  criar mecanismos de atrair investimento para as reservas", defendeu, por  seu turno, António Abreu, presidente da RedeBios, lembrando que as reservas  da biosfera "não são apenas para os passarinhos e para as plantinhas, são  também para as pessoas".

No seu entender, é necessário agora trazer "valor acrescentado" a estas  regiões, nomeadamente com o desenvolvimento do turismo e com a criação de  "emprego qualificado".

A 12.ª Reunião Internacional da RedBios vai decorrer no Faial, Pico  e São Jorge, mas não vai passar por nenhuma das ilhas já classificadas como  reserva da biosfera, o que gerou críticas por parte de entidades e autoridades  locais e dos partidos da oposição no parlamento dos Açores.

O representante no encontro da Divisão de Ciências Ecológicas da Unesco,  Miguel Clusener-Godt, disse aos jornalistas, em reação a essas críticas,  que não veio aos Açores para fazer turismo.

"Eu não penso que sempre que houver uma reunião de especialistas nos  Açores, tenhamos de ir a todas a ilhas. Isto não é turismo, isto é trabalho",  insistiu.

Miguel Clusener-Godt revelou ainda que a Unesco tem um sistema de monitorização  das zonas já classificadas comos reserva da biosfera que acompanha o desenvolvimento  de cada região sem ser necessário deslocar-se presencialmente ao local.

Os cinco partidos da oposição no parlamento açoriano acusaram o Governo  Regional, no início deste mês, de ter vergonha de mostrar aos técnicos da  Unesco as ilhas classificadas e querer esconder as lixeiras que ainda subsistem.

O Governo Regional rejeitou, num esclarecimento, "as insinuações" da  oposição e sublinhou que a realização nos Açores deste encontro da REDBIOS  "insere-se no processo de candidatura" das fajãs de São Jorge à classificação  de reservas da biosfera.

O executivo lembrou ainda que as empreitadas com vista à selagem das  lixeiras na Graciosa e Flores "foram recentemente adjudicadas" e que quanto  ao aterro do Corvo, o projeto de selagem foi alterado para passar "a incluir  um aterro para resíduos de construção e demolição", estando "a ser preparado  o procedimento de concurso público destinado à adjudicação da empreitada,  a concluir ainda em 2014".

Existem 631 reservas da biosfera em todo o mundo, repartidas por 119  países. Em Portugal, há sete: Berlengas (Peniche), Gerês-Xurés (transfronteiriça),  Paul Boquilobo (Golegã), Santana (Madeira), Corvo, Flores e Graciosa.