Surf gera receitas de 400 milhões de euros
O presidente da Associação Nacional de Surf (ANS) disse hoje que a modalidade é uma "indústria triplo A" (rating máximo) que gera receitas globais entre 300 e 400 milhões de euros, mas tem de garantir a sua sustentabilidade.
Francisco Rodrigues falava durante um debate na Universidade Católica, em Lisboa, subordinado ao tema "A onda do Surf em Portugal terá impacto na Economia?", que juntou também o profissional Frederico Morais e o administrador da Ocean Events Portugal, Francisco Spínola, com moderação do professor universitário João César das Neves.
O presidente da ANS justificou o "triplo A" da indústria do surf não só com a capacidade de gerar receita para a economia, mas também pelas diferentes fases que atravessou, a da "Abertura", período em que representava uma atividade marginal, a da "Afirmação", na qual apareceu Tiago Pires e sofreu um impulso, e o período atual ou "A3", de evolução.
Questionado sobre a evolução e os possíveis impactos da crise, o presidente da ANS alertou que "se não se tornar uma realidade económica, então será uma atividade temporária".
Entre os números apresentados aos estudantes do secundário que assistiram às atividades do "open day" da Católica, Francisco Rodrigues apontou a existência de 212 mil surfistas em Portugal, a maioria dos quais licenciados e profissionalmente ativos, embora apenas um por cento entre em competições.
Segundo o presidente da ANS, "37 por cento da população portuguesa compra surf, o que é a média mais alta da Europa".
Francisco Spínola realçou o apoio de patrocinadores privados e públicos, como a PT ou o Turismo de Portugal, que ajudaram a impulsionar o surf em Portugal, designadamente com o apoio a provas que colocaram o país no mapa internacional da modalidade, como o Rip Curl Pro, e a captar turistas que se deslocavam habitualmente para países como a Polinésia francesa, a Austrália ou a Indonésia.
"Portugal não tem as melhores ondas do mundo, mas tem ondas durante quase todo o ano num espaço muito reduzido", frisou Spínola, apontando os casos de Peniche, Ericeira ou Carcavelos.
O administrador da Ocean Events Portugal realçou o aumento substancial das taxas de ocupação dos hotéis situados nos locais em que decorrem os eventos de surf, próximos dos 100 por cento, como foi o caso de Peniche, e o desenvolvimento de toda uma indústria de suporte à atividade desportiva.
Apesar de ser moderador, João César das Neves aproveitou a ocasião para salientar a complexidade da indústria. "Já viram as quantidades de água que cai do céu? E, como é possível, com a quantidade de água que cai do céu, haver gente a dedicar-se exclusivamente à venda de água (apontando para uma garrafa de água). É aqui que está a complexidade do problema. Por detrás da indústria há muita gente a estudar", frisou.
Também o surfista Frederico Morais, que chegou a eliminar a maior estrela da modalidade a nível mundial, o norte-americano Kelly Slater, realçou o trabalho de preparação necessário para se ser bem sucedido, rejeitando que tivesse mais hipóteses em países com a indústria mais desenvolvida.
"Sou beneficiado por ser português. Aqui há cinco profissionais que partilham o mediatismo e os patrocínios, enquanto em países como a Austrália ou a Polinésia, há 40 à procura de patrocínios e só cinco é que o conseguem. Cresci com sorte", concluiu o surfista português.