Turismo

Investimento do Resort Grupo no Turismo em Cabo Verde pode atingir mil milhões

A empresa britânica The Resort Group (TRG) já investiu 250 milhões de euros no Turismo em Cabo Verde e poderá chegar aos 1.000 milhões se o Governo proceder a alterações fiscais, disse hoje à Lusa fonte oficial da empresa.

A "advertência" foi feita pelo diretor do Departamento de Investimento Estrangeiro da TRG, o consultor cabo-verdiano Vítor Fidalgo, antes da inauguração, hoje ao fim da tarde, do segundo empreendimento turístico da empresa em Cabo Verde, na ilha cabo-verdiana do Sal, o Mélia Dunas Resort, orçado em 120 milhões de euros.

"O grupo poderá atingir os mil milhões de euros, mas na condição de que o Governo (cabo-verdiano) reaja positivamente aos constrangimentos existentes, nomeadamente fiscais", salientou Vítor Fidalgo, indicando que, nas condições atuais, o sistema "põe em causa" a tesouraria, esforço e confiança do investidor.

"A Direção-geral de Contribuições e Impostos (DGCI) ainda não compreendeu a essência do negócio e vê o investidor como fonte de rendimento, em vez de olhar para a atividade turística e hoteleira já na fase do investimento. Pagamos praticamente para investir", frisou o consultor cabo-verdiano da TRG.

Segundo Vítor Fidalgo, atualmente existem "problemas sérios" na execução do IVA, com a TRG a ser credora do Estado cabo-verdiano de quase 10 milhões de euros, sobretudo na devolução dos impostos.

À "cabeça", explicou, 20% das receitas seguem diretamente para impostos, não tendo havido até agora qualquer devolução do retido a mais.

Desde maio de 2011 com um aldeamento turístico no Sal - o Mélia Tortuga Beach, cujo volume de negócios em 2013 ascendeu a 12 milhões de euros -, o TRG prevê investir, até 2016, em mais um "resort" na mesma ilha e um hotel de negócios de luxo na Cidade da Praia e seis outros "resorts" na ilha da Boavista, sempre no sistema de "tudo incluído" ("all-inclusive").

As críticas ao "all-inclusive", como a pouca vontade de os turistas abandonarem os "resorts" e explorar a ilha, dinamizando a economia local, foram refutadas por Vítor Fidalgo com o argumento de que Cabo Verde não tem infraestruturas, pelo que o sistema é o que mais se coaduna ao estilo que o mercado procura.

"Temos de dar o que o mercado procura. Basta ver a movimentação que há no Sal. Se não houvesse o "all-inclusive", o Sal não teria o movimento que tem. Não é verdade que o turista fica dentro do hotel. Ele sai (...), mas desde que haja condições apropriadas para conhecer o país onde vieram passar as férias", sustentou.

Vítor Fidalgo indicou que o "all-inclusive" da TRG já criou centenas de novos empregos permanentes, o que contribui para a melhoria do nível de vida das pessoas, notando-se uma crescente migração interna das outras ilhas para o Sal, e ainda a compra de bens e serviços nos vários fornecedores locais, que estimula a procura interna.

Sobre as motivações do TRG em investir em Cabo Verde, Vítor Fidalgo referiu que o arquipélago, sobretudo nas ilhas do Sal e da Boavista, garante todo o ano o nicho de mercado de sol e praia, bem como a pouca distância da Europa, de onde provém o grosso dos turistas.

"No nicho do mercado de sol e praia, Cabo Verde apresenta certas vantagens naturais - pequena distância da Europa, bom clima, sol e mar praticamente durante 12 meses. O grupo entendeu, com os seus parceiros que fazem a gestão hoteleira, que Cabo Verde poderia ser mais um novo destino no mercado", concluiu.