Turismo

Rota Turística da Cultura Avieira no Tejo à distância de 14 milhões

Promotores privados, que fazem parte de um consórcio liderado pelo Instituto Politécnico de Santarém (IPS), querem investir 14 milhões de euros na criação da Rota Turística da Cultura Avieira e lançam críticas à burocracia das entidades públicas.

O projecto da Rota da Cultura Avieira, que prevê criar perto de 140 postos de trabalho, visa cativar turistas, principalmente estrangeiros que chegam ao Parque das Nações, em Lisboa, e levá-los até ao distrito de Santarém para conhecerem a comunidade e a cultura avieira existentes ao longo do rio Tejo.

Entre os investimentos previstos, destacam-se a recuperação das aldeias palafíticas (construídas em cima de estacas) do Escaroupim, concelho de Salvaterra de Magos, e da Palhota, no Cartaxo, e a construção de dois hotéis palafíticos: um com capacidade para 120 camas em Salvaterra de Magos, e outro em Abrantes.

O assinalamento marítimo do rio com vista à sua navegabilidade, a construção de restaurantes e o desenvolvimento de uma unidade para aproveitamento das plantas do Tejo para fins medicinais, são outros dos investimentos planeados, segundo o coordenador do projecto avieiro do IPS.

"Catorze milhões de euros é uma parcela insignificante de investimento, face à enorme quantidade de postos de trabalho que permite gerar. Esta relação entre o valor do investimento e o retorno na criação de postos de trabalho é uma relação extraordinariamente positiva", explicou à agência Lusa João Serrano, acrescentando que estão 107 entidades envolvidas.

Ao Parque das Nações chegam por mês, em média, cerca de dois milhões de turistas. "Se uma pequena parcela vier até aqui, há turismo todo o ano. O clima é tão benigno que permite fazer turismo todo o ano", vaticinou o também economista.

O coordenador revelou que há mais investidores privados interessados no projecto, inserido nos Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE), e deixou um pedido às autoridades de desenvolvimento regional, responsáveis pela emissão dos avisos públicos que permitem apresentar as candidaturas em tempo útil.

"Se sabem [as entidades públicas] que existem empresários privados, entidades como o IPS, ou o politécnico de Setúbal que querem investir e avançar, estes não têm de estar à espera de avisos. Têm é de ser convidados a apresentarem os respectivos projectos, enquanto os organismos públicos devem estar disponíveis para os apoiar", sublinhou. João Serrano disse esperar que os processos sejam desbloqueados e que os investimentos possam avançar nos próximos meses, ou durante 2014. O responsável fez um último alerta: "Quem não estiver atento que se afaste do caminho e deixem-nos trabalhar".

Outra das vertentes deste plano global é a candidatura da cultura avieira a património nacional imaterial, que está a ser preparada. A mesma assenta na caracterização do barco, da casa palafítica, das artes de pesca, da gastronomia, das migrações, da religiosidade e das relações comunitárias e num conjunto vasto de outras características.

"Tem também como objectivo promover o turismo ao longo do Tejo, requalificar as aldeias avieiras, promover toda a habitabilidade das aldeias, a cultura e o turismo da zona ribeirinha do Tejo", explicou à Lusa a vice-presidente do Instituto Politécnico de Santarém. Teresa Serrano revelou ainda que o projecto, iniciado em 2009, contava com sete Câmaras que iam recuperar e legalizar as suas aldeias avieiras mas, devido a constrangimentos financeiros, algumas acabaram por desistir. O valor do investimento teve de ser entretanto reformulado e adaptado ao projecto actual.