Três locais nobres da ilha de São Miguel com hotéis inacabados e abandonados
Ponta Delgada, Furnas e Sete Cidades, na ilha de S. Miguel, têm dois hotéis inacabados e um abandonado, motivando protestos das autoridades locais, que dizem estar em causa a dignificação de pontos turísticos por excelência dos Açores. O presidente da Junta de Freguesia das Furnas, concelho da Povoação, Delmar Medeiros, considera que "foi cometido um crime" com a construção do Furnas SPA Hotel, que "destruiu as termas que estavam a funcionar" naquela que considera ser a capital do turismo açoriano. "Além de se ter mexido com o património, ele funcionava, curava doenças e dava emprego e mexeu-se com a economia de uma localidade", afirmou. O autarca (independente) falava à agência Lusa acerca do local onde funcionavam as famosas termas das Furnas, onde há cerca de sete anos se começou a construir o Furnas SPA Hotel. A obra está parada há cerca de três anos e o hotel nunca chegou a abrir. "Por aquilo que tenho ouvido na sociedade, deram cabo das águas e, se isto é verdade, devia alguém responder criminalmente", defendeu, acrescentando que nunca foi ouvido num processo onde, na sua ótica, "se destruiu um monumento para se fazer um SPA que nunca funcionou e nunca irá funcionar". O projeto é da Asta Atlântida, Sociedade de Turismo e Animação, SA, que resultou de uma parceria entre o Grupo Paim e o Grupo Martins Mota, tendo este último sido entretanto substituído pelo Grupo Machado. "A empresa recebeu subsídios, a empresa recebeu dinheiro para pagar a funcionários, de maneira que era pegar na parte que eles erraram, responder por aquilo que fizeram e o Governo pegar naquilo, porque não há que dar mais oportunidades a quem não cumpriu minimamente com nada", disse Delmar Medeiros.
O mesmo grupo, a Asta Atlântida, tem outra obra por acabar em São Miguel, o Hotel Casino, em Ponta Delgada, numa zona nobre da cidade, um projeto de cinco estrelas que inclui aquele que poderá ser o primeiro casino do arquipélago. Para o presidente da Câmara de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, é "urgente intervir" e "encontrar uma solução" para este caso. "A minha intervenção é de denúncia e de preocupação e de estímulo para uma atitude corajosa de pôr fim a uma inércia e chamar a terreiro privados, públicos, opinião cívica livre, para encontrarmos uma solução", afirmou.Para José Manuel Bolieiro (PSD), a obra do Hotel Casino, parada há cerca de três anos, "não dignifica a cidade, os Açores e uma política turística e urbanística para apresentar enquanto porta de entrada nos Açores". A agência Lusa contactou o Grupo Paim, que por e-mail esclareceu que, através "de negociações" com o Grupo Machado, "foi possível elaborar um plano estratégico" para a sociedade e a "submissão de um processo especial de revitalização (PER)". "O plano de negócios contemplado no PER foi aprovado por mais de 90% dos credores e aguarda apenas a homologação por parte do juiz", lê-se na informação enviada à agência Lusa. Segundo Vânia Paim, da administração do grupo, a concretizar-se o PER, "as fontes de financiamento estarão garantidas para a conclusão de todos os projetos", referindo-se ao Furnas SPA Hotel e ao Hotel Casino. Em situação de extrema degradação está o Hotel Monte Palace, o único de cinco estrelas que houve na região, construído em 1985 e sem funcionar desde a década de 1990. O edifício, totalmente abandonado, fica junto ao miradouro da Vista do Rei, nas Sete Cidades. "Quem chega ali, ao ponto mais turístico da freguesia, vê a linda paisagem, olha para o lado e vê um monstro daquele tamanho e, para mim, dá mau aspeto", disse o presidente da Junta de Freguesia das Sete Cidades, concelho de Ponta Delgada.