Turismo

Privados 'chamados' ao mar

Secretário de Estado do Mar participa hoje na VII Conferência Anual do Turismo

A Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 (ENM) é uma das apostas para o desenvolvimento de um recurso de que Portugal muito tem a aproveitar e, nesse contexto, "os privados são parte fundamental" no sucesso desta iniciativa pública. A afirmação é do secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.Em entrevista ao DIÁRIO, lembra que o Governo da República está a fazer o seu papel de criar um plano para a economia do mar, reunindo todos os elementos para esse projecto, bem como criando grupos de trabalho para avançar com as ideias e garantindo um período de discussão pública que decorre até 31 de Maio para os contributos externos. Também a União Europeia apoia, com a disponibilização de fundos que poderão ser associados a alguns vectores desta iniciativa, como a investigação, as pescas e as energias renováveis.A iniciativa pública "é um ponto fundamental para motivar o investimento", refere o governante. "Mas falta-lhe a componente privada. Os privados também serão parte fundamental, não apenas nos projectos que vão propor, mas também na capacidade que têm de vir a participar noutro tipo de projectos, como é o caso da simplificação administrativa, que é reconhecido como uma das barreiras fundamentais ao desenvolvimento da economia do mar em Portugal".Tendo o Mar como tema principal, a VII Conferência Anual do Turismo (CAT), que decorre ao longo desta sexta-feira no Centro de Congressos - Casino da Madeira, num evento que conta já com cerca de 800 participantes, organizado pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas, o secretário de Estado abordará as grandes áreas de intervenção da ENM.Criação de emprego não é certezaEmbora sem querer garantir que futuros projectos englobados neste plano possam vir a criar muitas oportunidades de emprego, Manuel Pinto de Abreu, lembra que as oportunidades de criar riqueza com base no extenso mar português poderão gerar situações em que a criação de novos empregos, que é o que todos queremos, a melhoria da coesão social e territorial, não será um produto imediato daquilo que vamos conseguir com a melhoria do nosso desempenho no âmbito da economia do mar, mas sim um efeito indirecto de uma maior pujança nesta área do mar", acredita.Entre as actividades com potencial e incluídos na ENM, Manuel Pinto de Abreu realça "a biotecnologia azul, o turismo, a mineração submarina", que também são apostas da Comissão Europeia, e que poderão resultar num reforço de postos de trabalho e no crescimento da economia nacional, regional e local.O caso das pescas, por exemplo, sobretudo a aquicultura, "é com certeza uma aposta", garante. "Temos de estar conscientes que, apesar de Portugal ter muito mar e onde pode desenvolver a aquicultura, o nosso mar é particular. A madeira conhece bem qual a realidade da costa sul e também da costa norte. E no Porto Santo é exactamente a mesma coisa. Quer uma quer outra, todos sabemos que há uma parte significativa do ano em que as condições para ter infra-estruturas do género não são as mais adequadas para a aquicultura 'offshore'".Estudar, conhecer e preservarAs oportunidades futuras, neste caso em concreto, dependerão do desenvolvimento das tecnologias, aproveitando o que é feito noutros países (como a Noruega) mas, também, por si próprio, Portugal pode fazê-lo e duplicar a produção nacional. Tal como noutras áreas poderá "multiplicar" a produção actual, acredita, mas seguramente levaram "vários anos" a gerar os resultados pretendidos. Também no que toca à exploração das energias renováveis no mar, o governante diz que podem e devem ser oportunidades em Portugal, embora as profundidades médias da costa nacional sejam de 3.700 metros, e no caso da energia das ondas ou do vento através de eólicas offshore, como é o exemplo da Dinamarca, que tem 30 metros. Neste caso, "Portugal tem um projecto-piloto, o 'WindFloat', para plataformas eólicas flutuantes adaptadas ás condições de profundidade das nossas águas", destaca.Em conclusão: "A aposta no mar tem de começar por aquilo que é essencial para nós, que é a pesquisa e o conhecimento. Apesar de todos os desenvolvimentos, o nosso desconhecimento daquilo que é o fundo do mar e as oportunidades é bastante grande. A partir do conhecimento, poderemos criar as condições para a preservação do meio, que é outra referência da  ENM. É fundamental que saibamos o que existe, o que podemos fazer, para que possamos fazer mas de uma forma consciente e preservando o que tem de ser preservado."Programa da conferênciaA VII Conferência Anual do Turismo tem programa repleto para o dia de hoje. A começar pela sessão de abertura, pelas 9h30, com intervenções de Eduardo Jesus (presidente da OE Madeira), Rui Leitão Martinho (Bastonário da OE), Paul Holthus (director executivo do World Ocean Council), Manuel António Correia (secretário regional do Ambiente e dos Recursos Naturais) e Manuel Pinto de Abreu, em representação da ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.Pelas 11h00 começam os painéis de debate, onde se abordará "A relevância estratégica do Mar", com António Belmar da Costa como moderador e Jonathan Lowe e Declan O'Donovan como oradores.O segundo painel que abordará "o contributo das actividades do Mar", pelas 14 horas, e o terceiro painel que falará sobre "O Cluster do Mar", a partir das 16 horas, contarão com 10 convidados, entre  oradores e moderadores.A sessão de encerramento está prevista para as 17h50.