Turismo

Estêvão Neves SGPS, SA vale 326,9 milhões de euros

Enotel Quinta do Sol reabre hoje com menos quartos e melhor oferta

A Enotel, marca hoteleira do empresário madeirense Estêvão Neves, reabre hoje oficialmente o hotel Quinta do Sol, unidade de quatro estrelas no Funchal, junto da Quinta Magnólia, que acaba de ser alvo de obras de beneficiação e melhoramentos diversos, no valor de seis milhões de euros.Em dois anos, com a abertura do Enotel Lido, em Dezembro de 2011, o grupo investiu cerca de 15 milhões de euros na requalificação do seu parque hoteleiro na Região, recorrendo apenas a capitais próprios. Desde o final do Verão passado que está a decorrer a obra de ampliação do "resort" Enotel Porto de Galinhas, no estado brasileiro de Pernambuco, que vai permitir a duplicação da capacidade existente.Em declarações ao DIÁRIO Estêvão Neves revela, pela primeira vez, o valor dos seus activos e justifica o investimento.O que o leva a investir numa hora em que os empresários estão mais inclinados para pagar as suas contas dada a situação financeira das empresas portuguesas, em geral, e madeirenses, em particular? No mundo empresarial o que se faz hoje teve de ser pensado há cinco anos, fruto de uma estratégia e de um plano de trabalho.Esta obra fazia parte do nosso projecto de implementação da marca na Madeira. Estamos convencidos de que este é o momento certo para investir. Fizemos em 2011 a reforma e beneficiação do Enotel Lido, onde investimos oito milhões e meio de euros, com capitais próprios da empresa sem recorrer a crédito. Adaptámos o hotel ao novo conceito, o 'Tudo Incluído', que tem sido um sucesso. O ano passado foi o melhor ano de sempre da sua existência. Trata-se de uma unidade que já passou por outras duas gestões (Dorisol e Tivoli antes de nós), desde que abriu a 15 de Dezembro de 1999. O ano com melhor ocupação, com melhor receita e com melhor preço médio por quarto foi o de 2012, com gestão da Enotel. Para este ano a nossa previsão, em relação ao Enotel Lido, é de que irá ter resultados ainda superiores."No hotel Quinta do Sol houve também a preocupação de requalificação, além das obras que necessitava? Sim, seguimos o mesmo raciocínio. Sabemos que o Turismo vai ser a alavanca de desenvolvimento do nosso País, daqui por diante. Basta ver a extensa orla costeira que o território continental e insular proporciona em termos de atracção para o turista e de captação de investimentos. Um potencial enorme. É por esse caminho que temos de ir no futuro, quer para produção de riqueza, quer para ocupação da mão-de-obra. E nós vamos continuar a construir, também na Madeira. Temos um terreno na Estrada Monumental, na zona da Ajuda, onde iremos construir dentro de cinco anos um novo resort hoteleiro. Para já concorremos a um concurso da Câmara Municipal do Funchal e vamos ter o terreno (cerca de 23.000 metros quadrados) alugado para hortas urbanas. Cedemos também as áreas necessárias para o alargamento da Estrada Monumental, obra camarária que está em curso.Fez duas obras, em dois anos, recorrendo apenas a capitais próprios. Como consegue destacar-se dessa forma na actual situação conjuntural? Foram capitais próprios, com pouco esforço em termos de endividamento, o que nos dá um certo conforto e capacidade para prosseguir. Trespassámos os "cash and carry", vendemos o negócio da distribuição ao Modelo (Sonae), mantivemos a propriedade dos imóveis onde estão instalados os hipermercados e os 50% no Madeira Shopping, onde somos sócios da Sonae Sierra. Saímos na hora certa, porque o negócio da distribuição necessita dimensão e especialização. Com esse capital entrámos no Brasil em 2005 e abrimos um "resort" em Porto de Galinhas no Estado de Pernambuco. Está a correr bem, com bons fluxos de caixa, e é esse resultado que estamos a aplicar em novos investimentos. Todos esses movimentos são extremamente bem controlados pelos bancos centrais de Portugal e do Brasil, e não temos tido quaisquer problemas nestes quatro anos de operação em Pernambuco. Isso tem evitado que se recorra ao crédito na Madeira.Em quanto estão avaliados hoje os activos do Grupo Estêvão Neves? Estamos a fazer com uma empresa de consultadoria internacional a avaliação do nosso património. Consolidámos todas as contas, na hotelaria e no sector imobiliário, incluindo a participação no Madeira Shopping, e as participações financeiras no BCP/Millennium e na ZON, entre outras. A primeira parte está terminada, com a análise de toda a contabilidade, em Portugal e no Brasil, e posso adiantar, com alguma precisão, que na "holding" Estêvão Neves, SGPS, SA, onde está centralizada toda a actividade do grupo, o valor dos nossos activos em 31 de Dezembro de 2012 era de 326,9 milhões de euros. Isso significou um resultado líquido consolidado de seis milhões de euros, em termos de grupo, com uma grande contribuição da unidade do Brasil.Um hotel vocacionado para clientela tradicional"A ideia de renovar o Quinta do Sol surge numa perspectiva de futuro e de médio prazo", refere Estêvão Neves.O empresário explica o seu ponto de vista: "Se analisarmos o mercado como está, é natural que investir seis milhões de euros não seria aconselhável. Mas há uma perspectiva de futuro que não podemos esquecer. Como o hotel estava era mau, aumentar preços não era possível. Optámos por requalificar e apresentá-lo aos nossos clientes, pois temos muitos repetentes. Juntámos melhores equipamentos, mais serviço e esperamos, dentro de dois a três anos, estar com tarifas superiores em 30 a 40%, relativamente às actuais.O remodelado Quinta do Sol, hotel aberto em 1974, com projecto do arquitecto Chorão Ramalho, oferece agora novas opções aos seus hóspedes. Além da remodelação das áreas públicas e de um novo parque de estacionamento coberto, que implicou também o reposicionamento da entrada e da recepção do hotel, para permitir a circulação de automóveis no seu interior, a unidade tem agora um spa e uma piscina interior aquecida, com diversos serviços agregados e uma nova decoração e mobiliário nas áreas sociais e nos quartos (esta executada de forma progressiva piso a piso).As obras fizeram-se sem recorrer à suspensão temporária dos trabalhadores, que foram distribuídos por outras unidades do grupo, quer na Madeira, quer no Brasil. Os custos foram assumidos pela Enotel. No final os que quiseram optaram por ficar nesses hotéis, tendo sido admitidos cerca de 25 novos trabalhadores para o renovado Quinta do Sol.O Enotel Quinta do Sol está agora vocacionado para um conceito de "Adults Only", dedicado ao sossego e ao descanso dos seus hóspedes. Naturalmente que não proíbe a hospedagem de crianças, mas nesses casos a direcção comercial do grupo aconselha o Enotel Lido, vocacionado para acolher famílias em férias."A filosofia de comercialização e de conceito dos hotéis depende muito dos mercados. Eles é que fornecerão as respostas, e nos darão as necessárias indicações para formatarmos os produtos", refere Estêvão Neves, certo de que a formatação dos produtos depende da procura e das necessidades evidenciadas pelos clientes.Sobre o universo do grupo Enotel:Números relevantes131 M€É quanto o grupo vai gastar na ampliação do resort de Porto de Galinhas (Brasil). As obras já estão a decorrer. Duplicará a capacidade. Terá 906 quartos e empregará 1.000 pessoas, no final de 2014.326,9 M€Valor dos activos consolidados na holding Estêvão Neves, SGPS, SA a 31 de Dezembro de 2012753É o número de funcionários ao serviço da Enotel. Na Madeira são 270 e no Brasil 483.15  M€Verba gasta em remodelações na Madeira nos últimos dois anos recorrendo a capitais próprios