Turismo

Governo desafiado a considerar turismo religioso como estratégico

O parlamento vai debater na quarta-feira recomendações para que o Governo considere como estratégico o turismo religioso, que representa 10% do movimento turístico no país.    PSD e CDS-PP e PS apresentam projetos de resolução a sugerir ao Governo a inclusão do turismo religioso como produto estratégico na revisão do Plano Nacional Estratégico do Turismo (PENT), elaborado em 2007 e em vigor até 2015.  Na proposta de revisão apresentada no início deste ano, o Governo define  como produtos estratégicos do turismo o sol e o mar, os circuitos turísticos, as estadas de curta duração em cidade, o turismo de negócios, o golfe, o turismo de natureza, o turismo náutico, o turismo residencial, o turismo de saúde e a gastronomia e os vinhos, não incluindo o turismo religioso. "O turismo religioso, enquanto potencial de um produto estratégico e prioritário, deverá consolidar-se como um fator gerador de riqueza para o país", estimando-se que "três quartos do património material e imaterial seja religioso, entre igrejas, mosteiros, sinagogas, arte sacra", salienta o projecto da maioria.   PSD e CDS-PP referem que o Santuário de Fátima recebe cinco milhões de visitantes por ano, enquanto cerca de um milhão de pessoas rumam a destinos como o Bom Jesus de Braga, Sameiro, São Gonçalo de Amarante, Santuário de ossa Senhora da Lapa e São Bento da Porta Aberta.   Por outro lado, os dois partidos apontam "o efeito positivo" de Santiago de Compostela, destacando que o Caminho Português de Santiago é o segundo mais percorrido pelos peregrinos -- a seguir ao Caminho Francês --, com mais de 30 mil peregrinos anuais, oriundos de mais de 50 países diferentes.

"O percurso português, embora ainda longe de esgotado o seu potencial de exploração turística, corresponderá hoje a cerca de 13% do volume global de peregrinos a Santiago de Compostela", destaca o projeto de resolução.Para os dois partidos, Portugal "não pode ficar à margem desta discussão, com posicionamentos claros de outros países nesta matéria", com os exemplos de Santiago de Compostela, Lourdes, Roma, Terra Santa, Meca, "todos símbolos e expoentes máximos de religiões e países que o turismo tem sabido galvanizar".Na sua proposta, o PS sublinha que "as estimativas consideram que o turismo religioso representa hoje 10% das receitas nacionais em turismo", destacando também o turismo judaico, nomeadamente em Belmonte.  Os socialistas consideram que, ao excluir o turismo religioso, fica "bastante mais limitada" uma das "grandes mais-valias do PENT, enquanto documento estratégico, que era a sua visão de médio e longo prazo".

O Bloco de Esquerda também apresenta um projeto de resolução em que pede a inclusão do turismo cultural na revisão do Plano Estratégico e que inclua o ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios) e o Conselho Nacional de Cultura (CNC) como parceiros consultivos na definição das políticas públicas de turismo.  O BE alerta que "o cenário atual do património cultural religioso é muito negativo e necessita de respostas urgentes" e insta o executivo a desenvolver um plano de recuperação do património e "novas políticas de gestão e acesso turístico aos monumentos históricos".