Choupana Hills recupera prestígio
Ricardo Rodrigues é o director-geral do hotel que vive do que factura. Apesar da insolvência, assegura que a unidade volta a ser atractiva. A prova é que está nomeada para sete 'óscares'
O Choupana Hills Resort & SPA celebra 11 anos a 16 de Março próximo. Uma data que será festiva. Por estranho que possa parecer. Não é para menos. Em meados de 2012 a administração da unidade de cinco estrelas assumia enfrentar um processo de "insolvência controlada" requerida pelo Banco Espírito Santo, entretanto já decretada pelo Tribunal Judicial do Funchal, o que levou à nomeação da administradora da insolvência Ana Rito e à contratação do director hoteleiro Ricardo Rodrigues.A nova etapa do hotel, nos termos do Código de Insolvência e Recuperação de Empresas, é percorrida com optimismo. Por isso, 16.3.2013 é para "celebrar e levar mais uma vez o hotel ao madeirense". Com a curiosidade de haver um preço a condizer com a data: 163,13 euros por quarto, por uma noite com direito a jantar de gala para duas pessoas, com bebidas incluídas. Ou então 66,66 euros para duas pessoas que só queiram jantar. A hora é de combater fatalidades e de fazer pela vida: "O hotel vive da operação e do dinheiro que recebe".O pragmatismo é assumido por Ricardo Rodrigues. O director-geral do Choupana Hills considera ter pela frente um desafio aliciante e atractivo". Afinal, dirigir um hotel em circunstâncias peculiares, uma unidade vistosa, premiada e elogiada, mas que está confrontada com as contingências decorrentes da crise económico-financeira acaba por exigir dedicação extrema e objectividade: "Não tenho maneira de pagar as coisas se não for capaz de produzir".Os dados dão-lhe ânimo. Quando chegou ao Choupana não havia contratação, a ocupação média era de 30%, as notícias não eram animadoras, o hotel tinha perdido notoriedade, o produto estava em decadência e não havia investimento. Foi obrigado a reduzir custos em 50%, a fazer a gestão semanal das contas, a motivar equipas, a reduzir pessoal, a limpar os 17 hectares de área, a reatar contactos com operadores, a renegociar contratos com fornecedores e a adoptar uma estratégia comercial acertada.Desde que iniciou funções a 21 de Setembro de 2012, regista conquistas. O hotel passou de 84.º para o 28.º no TripAdvisor e o restaurante Xôpana recuperou clientela e prestígio, graças à carta acessível e à viagem pelos sabores comandada pelo chef Yves Gautier. As reclamações diminuíram, a confiança perdida nos últimos dois anos foi recuperada, 70% dos 64 quartos foram remodelados e a ocupação subiu para 57% nos primeiros dois meses de 2013.Em cinco meses, para além da estabilidade comercial, conseguiu um feito: 100% de ocupação durante cinco dias consecutivos no último fim-de-ano, a preço médio de 250 euros, valores próximos dos níveis de outrora.O futuro tem tanto de incerto, como de promissor. Ricardo Rodrigues quer que "o hotel de topo" volte a ter eventos "sem perder dinheiro", a praticar preços que não defraudem as expectativas dos clientes repetentes e a ganhar prémios. Para já, conta com sete nomeações nos 'World Travel Awards 2013': 'Portugal's Leading Boutique Resort 2013', 'Europe's Leading Boutique Resort 2013', 'Europe's Leading Island Resort', 'World's Leading Boutique Island Resort', 'Europe's Leading Boutique Hotel', 'Portugal's Leading Boutique Hotel' e 'Portugal's Leading SPA Resort'.Antes do aniversário, a 11 de Março, há assembleia de credores do hotel com o objectivo de discutir e aprovar o plano de insolvência. Qualquer que seja a decisão, o hotel que resultou de um investimento inicial de 14 milhões de euros, realizado pelo grupo liderado por Filipe Machado dos Santos, continua a oferecer vista privilegiada sobre o Funchal - agora mais arejada devido ao desbaste de nove toneladas de eucaliptos e acácias - e a combinar uma arquitectura original e um design exótico com um serviço feito por quem se esforça por ser atencioso e a não se deixar afectar pelas dúvidas."Arrogância política" dá cabo do destinoRicardo Rodrigues tem 44 anos, formação em gestão de empresas e está na indústria hoteleira desde 1995. Começou por cima, pelo hotel Reid's, onde esteve até 1998 como director de Vendas, tendo a seu cargo as vendas e a promoção, o marketing, a coordenação de serviços e a gestão total do departamento comercial.Com esta experiência acabava-se um período de trabalho em unidades com estabilidade garantida. A partir de então começava a odisseia que o entusiasma, a de tentar recuperar hotéis para os níveis recomendáveis.De 1998 a 2000 foi director residente nos Hotéis Dom Pedro Madeira e director no Dom Pedro Garajau. De 2001 a 2003 dirigiu o Ajuda & Sofia Madeira Hotels, grupo composto pelo hotel d'Ajuda e aparthotel Sofia, embora antes da separação dos sócios tenha dirigido o grupo hotéis da Ajuda.Antes de chegar ao "hotel de topo", o cinco estrelas inspirado na natureza, dirigiu as operações na Quinta Mirabela e no Funchal Design Hotel de Dezembro 2009 a Setembro 2012, onde já havia estado entre 2005 e 2008, antes de sair para a direcção do Ocean Gardens Hotel onde esteve apenas um ano.A experiência permite-lhe tecer considerações sobre o destino Madeira, que entende ter muito potencial, mas que esbarra na "arrogância política" de um Governo que teima em não se adaptar às exigências do mercado, de "bater sempre no mesmo velhinho", de insistir nas feiras e de limitar a criatividade e a autonomia de quem sabe do assunto, como é o caso do director regional de Turismo, "pessoa espectacular, com excelente trabalho nos Portos, mas que está amarrado".Critica "a promoção conservadora", a captação duvidosa dos mercados emissores e a resistência em aprender com as Canárias. E lamenta que não haja um Plano Estratégico "atrevido e pertinente" para o sector, capaz de dar cabo de "barbaridades", como os míseros oito minutos de fogo no fim-de-ano.Discurso directoNúmero5Lema"No âmbito profissional, costumo aplicar aos colegas: 'Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida'. A nível pessoal: 'A vida é muito importante para ser levada a sério'".Local"O local de eleição, actual e profissional, é o Choupana Hills Resort & SPA. O que gosto mais frequentemente de estar é na minha casa".Ementa"Menu de degustação em que em cada prato, desde o amuse bouche à sobremesa proporcione uma viagem de sabores internacionais"Destino de Férias"Faça cá dentro. É bela a Madeira"