Guias agastadas com falta de regulamentação
Direcção do SNATTI diz que existe concorrência desleal de guias piratas
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Falta de fiscalização da parte do Turismo, concorrência desleal de alegados guias sem qualquer formação específica para exercer a actividade, demora excessiva para regulamentar a carreira de guia interprete e falta de reconhecimento da profissão são os reparos que os elementos da direcção cessante da delegação regional do Sindicato Nacional de Actividades Turísticas, Tradutores e Intérpretes - SNATTI.Emke Rodrigues, Leonor Araújo e Sérgio Silva, os actuais membros da direcção em gestão da delegação regional do SNATTI são unânimes nas suas críticas e reparos e confessam que todos aqueles que exercem a profissão se sentem agastados e até revoltados com o facto de mais de um ano e meio depois da publicação do Decreto-Lei 92/2011, que estabelece o regime jurídico do Sistema de Regulação de Acesso às Profissões, a profissão de guia interprete ainda não tenha sido regulamentada."Nós estamos de acordo que as profissões que já existiam, mas que não se sabia bem o que essa pessoas faziam. Nós estamos complementa de acordo com isso, só que isso não se concretiza há quem se aproveite dessa situação e diz que qualquer pessoa pode exercer a nossa profissão", afirma Emke Rodrigues.O que as guias intérpretes pretendem, especifica, é que quem possui formação e cursos para exercer a actividade seja reconhecido. "Nós estamos à espera que algo seja publicado no Diário da República algo sobre a nossa profissão." Emke Rodrigues diz que o sindicato já recorreu a várias entidades regionais no sentido de "tentar arranjar uma solução temporária, mas até agora nada".Espera fomenta ilegalidadeEste compasso de espera, sublinha, tem fomentado o surgimento dos denominados 'guias piratas', os quais, além de não possuírem formação específica nem estarem habilitados profissionalmente para exercer esta actividade, têm proliferado . "Não percebemos a atitude certos agentes de viagem e da Mesa de Turismo da ACIF, pois toda a gente perde quando estrangeiros e continentais não habilitados alugam autocarros e fazem reservas nos restaurantes sem terem uma agência como intermediário". Além disso, o "consumidor tem direitos. Não interessa trazer um grande número de turistas. Após a chegada dos mesmos é preciso tratá-los muito bem".Os membros da direcção em gestão salientam que apenas pretendem "uma solução regional temporária que proteja a profissão, com fizeram os Açores, para que haja um bom serviço".Falta de fiscalização criticadaA falta de fiscalização da parte do Turismo é outro aspecto criticado por Sérgio Silva. "Apraz-nos constatar que na última segunda-feira tenha sido feita uma operação da PSP de fiscalização no porto do Funchal, mas o que nós pensamos é que tem havido muito pouca inspecção". E se não há mais inspecção não é por falta de denúncias. "Nós muitas vezes contactamos o Turismo para fazer denúncias, mas dizem-nos que não têm meios ou viatura". Esta resposta não satisfaz. "Pode-se mandar a inspecção ao Mercado ou à porta da Sé, que fica praticamente junto ao Turismo, ou ao porto".Sérgio Silva, Emke Rodrigues e Leonor Araújo não sabem precisar há quanto tempo não é realizada umas inspecção conjunta entre a PSP e o Turismo, mas adiantam que isso já "não acontece há anos". Apesar desse facto, Sérgio Silva garante que o SNATTI "vai continuar a defender os profissionais que estão devidamente habilitados, que sabem atender o turista e conseguem lhe dar a melhor imagem da Madeira, das suas gentes, história e cultura".A direcção em gestão da delegação do SNATTI sublinha que os guias madeirenses já receberam dois prémios internacionais pela qualidade do serviço prestado.Prejuízos futuros para a MadeiraOs prejuízos desta concorrência desleal podem ser graves em termos futuros para a imagem do destino Madeira. "Toda a gente, até os políticos, falam na defesa da qualidade. Não há dúvida que temos de defender a qualidade, mas tem de haver regras. Se houver regras, dá para todos", afirma Leonor Araújo.Esta guia realça que "existem estrangeiros e continentais que não são guias, que vêm aqui, fazem excursões connosco e um ou dois meses depois regressam com os seus próprios guias. Nós não podemos aceitar isso".Leonor Araújo, Emke Rodrigues e Sérgio Silva sublinham que ao nível europeu existe legislação rigorosa e específica para o exercício desta profissão. "Já houve uma situação em que uma nossa colega ao entrar em Espanha foi questionada pelas autoridades pela guia espanhola. E sem ela não pôde entrar".Esta situação espelha bem o respeito, consideração e o cuidado com que as autoridades de outros países europeus tratam os guias intérpretes. Uma situação que, "infelizmente", não acontece em Portugal e, sobretudo, na Madeira.