Turismo

Turismo aumenta em Coimbra mas continua a ser de passagem

A Universidade de Coimbra registou um aumento de 30% no seu roteiro turístico nos primeiros seis meses desde a classificação de Património Mundial, mas os comerciantes queixam-se de os turistas terem uma passagem curta pela cidade.

O circuito turístico da Universidade de Coimbra, em que se visita o Paço das Escolas, "é o centro de maior atração da região", salientou Luís Menezes, vice-reitor da universidade na área do turismo.

Registou, de acordo com o responsável, um aumento de 121 mil visitantes em 2012 para 159 mil em 2013, no período entre junho e novembro.

"O fluxo de turismo para o país tem vindo a aumentar", sendo que a intervenção da universidade "atraiu mais turistas", contou Luís Menezes.

O esforço da universidade prende-se, agora, em "diferenciar os produtos a oferecer", avançou o vice-reitor, afirmando que os turistas que não compram o bilhete para o circuito do Paço são "o dobro" dos que entram nos espaços da universidade.

João Evangelista, pároco da Sé Velha há 38 anos, salientou que houve "um aumento indiscutível" nas visitas ao monumento, notando-se uma maior diversidade de nacionalidades a visitar Coimbra.

Tânia Silva, proprietária de uma loja de recordações ao lado do edifício românico, queixou-se de que os turistas "passam mas não entram", registando uma quebra de "cerca de 50% nas vendas".

O visitante "é levado até ao largo da universidade e depois segue caminho", contou Tânia, criticando a falta de "atividades para atrair turistas" e de "infraestruturas que os prendam a Coimbra".

"Precisamos do turista que fica um ou dois dias", reiterou.

Para Ofélia Henriques, funcionária de uma loja de recordações na Rua Ferreira Borges, "nota-se mais turismo, mas é o turismo de pé rapado".

Apesar disso, "há um aumento de vendas em relação ao ano passado", com a cerâmica de Coimbra e o galo de Barcelos a serem os produtos mais vendidos.

A lojista referiu que se poderia vender mais, mas as passagens rápidas "não dão tempo para irem ao comércio, que, assim que um turista entra na loja, o grupo continua à mesma o percurso e ele sai sem comprar, para poder acompanhar a visita".

A pressa estava patente em Oleksandr Lenko, guia de um grupo de russos, ucranianos e bielorrussos, que não se iria demorar mais de duas horas em Coimbra, estando a caminho de Lisboa.

De passo rápido, apenas disse que os turistas "gostavam muito" de Coimbra, despedindo-se, sem mais tempo. Julia, russa de 22 anos, de máquina fotográfica a tiracolo, afirmou à agência Lusa que estava "encantada com a Biblioteca Joanina".

Mas a sua visita, com guia, era também de apenas duas horas, tendo só tempo para dizer que Coimbra "seria um sítio muito bonito para estudar", enquanto o grupo já se afastava.

História diferente foi a de Justino Katone, angolano a viver em Paris, numa passagem com mais calma, com a mulher e o filho, para revisitar a cidade que tinha visitado há 43 anos.

Apesar do "encanto", apenas soube que Coimbra era património da humanidade assim que viu "o dístico [da classificação] pela cidade".

"É para matar as saudades", disse, considerando que se Coimbra "foi uma surpresa" quando a visitou pela primeira vez, continua a sê-lo, apesar de "algumas coisas terem mudado".