Turismo tem nos privados "verdadeiro catalisador"
Deputada do PSD-M na Assembleia da República pede modernização do sector
"É urgente modernizar o sector do Turismo, de modo a que ele se adapte a uma realidade e a um mundo que não está em mudança, pois já mudou e quem não faz por acompanhá-lo fica para trás". Quem exorta à inovação é a deputada do PSD-M na Assembleia da República, Cláudia Aguiar, no balanço ao 38.º Congresso da APAVT.Ao contrário da secretária e do director regionais com a tutela do Turismo, que deixaram Coimbra ao início da tarde de sexta-feira, a parlamentar marcou presença nos três dias do mais importante fórum de debate do sector. Uma assiduidade que lhe permite constatar que o "encontro magno de interessados, profissionais, intervenientes e apaixonados do turismo, com a participação especial e marcante de Patrick Delaney, Carlos Ferreirinha e Luiz Mór, contando ainda com a presença da Secretária de Estado do Turismo, surgiram "noções e orientações que, se levadas a sério, por todos, de norte a sul de Portugal continental e suas ilhas, creio que poderão, a curto prazo, dar alguns resultados".Madeira a preservarEm declarações ao DIÁRIO, Cláudia Aguiar destaca como pontos fortes, "a cooperação entre sector público e privado", que "além de imperativo, deve efectivamente ser uma realidade". Entende mesmo que, apesar da importância das entidades públicas e da sua influência no sector, "o verdadeiro catalisador" do Turismo é a iniciativa privada. Daí o repto: "As agências de viagens, os operadores turísticos, os hoteleiros e todos os demais intervenientes, tem um papel fulcral neste desafio. Devem procurar organizar-se entre eles, no sentido de estarem mais fortes num mercado que é hoje global. Só assim poderemos estar ao nível de outros destinos competitivos".A deputada destaca ainda as directrizes para a comunicação externa, promovendo a marca mãe, mas nunca sem esquecer "as importantes submarcas e produtos diversificados, como é o caso da Madeira". Aliás, neste aspectos, assume subscrever opiniões, de vários oradores, que sustentam o sucesso da marca Madeira, a par da marca Portugal.Jovens pouco representadosJulga ainda fazer todo o sentido o slogan "vender, vender, vender" proposto pela secretária de Estado Turismo. "Portugal precisa, urgentemente, a par da cooperação, de comerciais empenhados, dotados de ferramentas e meios actualizados para vender Portugal. Vender Portugal é trazer retorno de um investimento feito neste sector exportador. Vender Portugal é dar a conhecer o produto Madeira, Açores, Fátima, Serra da Estrela, Algarve, Porto e Norte de Portugal", defende.Num congresso que mobilizou 483 participantes, Cláudia Aguiar regista dois aspectos a merecer reflexão. Constatou que a maioria dos intervenientes ainda "não está no mundo globalizado, não está online". O que não deixa de ser estranho. "Inovação, desenvolvimento, novas tecnologias não são uma novidade, são a realidade de um mundo que hoje está à distância de um smartphone ou de um outro gadget", refere. Notou ainda pouca representação dos jovens, facto que assume ter ficado "aquém das expectativas". Isto porque é da opinião que "a vasta experiência e a glória de quem trabalha há décadas no sector tem de contar com os jovens".Agentes são "a melhor resposta para o mercado"Os congressistas deixam Coimbra com a convicção que "urge fazer mais com menos", que a discussão do Turismo em Portugal gera soluções e que o mundo "está tão moderno que ficou , outra vez, totalmente dependente dos agentes de viagens".Coube ao presidente da APAVT sintetizar o "forte" posicionamento dos associados no mercado, assumindo que não precisa de mentir ou de revelar apenas a realidade favorável. "Claro que existem várias vias de reserva e diferentes canais de distribuição; e é também verdade que não estamos em todos eles. E por que haveríamos de estar? Muito mais relevante, é saber se, onde estamos, conseguimos gerar valor para o cliente, porque é aí que está o nosso futuro", referiu Pedro Costa Ferreira.Fazer corresponder expectativas aos factos; informar correctamente; ser transparentes no relacionamento; acompanhar o cliente; gerir os riscos da viagem são alguns dos trunfos que levam Costa Ferreira a garantir que as agências são "a melhor resposta para o mercado". É nesse contexto que querem fazer mais por Portugal. O compromisso do presidente da APAVT é "lançar um repto às associações representativas da oferta turística nacional, e ao Turismo de Portugal, para, em conjunto, público e privados, ganharmos novos mercados para Portugal e consolidarmos aqueles já existentes, em linha com tudo aquilo que foi referido neste congresso, esquecendo os protagonismos; não pensando em lideranças; sem capelas". A certeza é que tudo será feito "com o menor recurso a dinheiros públicos".O lema é "aprender a viver sem a muleta do Estado".