Portugal precisa de ultrapassar défice do desconhecimento
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje que Portugal precisa de ultrapassar “o défice do desconhecimento e da ausência de formação”, considerando que este é “maior défice” que o país tem.
“O maior défice que temos não é o défice das finanças, é o que acumulamos de ignorância, de desconhecimento, de ausência de educação, de ausência de formação, de ausência de preparação. E é esse défice histórico que nós temos que vencer, se quisermos, e não podemos deixar de querer (...) sermos melhores do que os melhores”, afirmou António Costa, no Porto, na cerimónia de entrega dos prémios Manuel António da Mota.
Segundo o primeiro-ministro, o país precisa de concretizar essa ambição.
António Costa recordou as políticas que o Governo tem levado a cabo no sistema educativo, como a diminuição do número de alunos por turma e a flexibilização dos currículos em cada agrupamento, afirmando acreditar que esta é a melhor forma de “ganhar cada vez mais as crianças para o ensino, para o estudo e para a promoção do sucesso escolar”.
O primeiro-ministro sublinhou também que não se pode “ignorar que o acesso à educação versátil é absolutamente a condição fundamental para que as crianças e os jovens de hoje possam responder às diferentes necessidades do futuro”.
Costa salientou também que “erradicar a pobreza, eliminar os fatores de exclusão social” é também outro “grande desafio que continua a estar presente”.
“É uma herança secular, é uma herança que certamente a crise dos últimos anos agravou, mas é uma herança a que temos que dar resposta”, vincou, acrescentando que o crescimento económico registado este ano, bem como o aumento da criação de emprego, ganham valor se permitirem “rendimento partilhado entre todos”.
“É esse sentimento de justiça que permite reduzir e eliminar fatores de exclusão e erradicar a pobreza”, disse.
Recordando os dados do INE divulgados na quinta-feira relativos às condições de vida, o primeiro-ministro destacou a “menor desigualdade, a maior redução da pobreza” e um “risco de pobreza mais baixo”, sobretudo em menores de 18 anos.
Destacou ainda que “a taxa de privação material teve a maior redução entre crianças e jovens”, acrescentando ser “absolutamente crucial” dar continuidade à diminuição da privação material.
Dar continuidade “à redução da pobreza entre as crianças e os jovens é a primeira condição para não estar a reproduzir uma nova geração de pobreza e inverter esse ciclo de pobreza que mina o país”, sublinhou.
Costa disse que melhorar o rendimento disponível das famílias “passa necessariamente” por mais e melhores salários, considerando que “o contributo do salário mínimo nacional para a redução da pobreza foi particularmente significativo num país onde o número de trabalhadores em situação de pobreza era muito significativo”.
“É por isso que temos que prosseguir essa trajetória”, notou, acrescentando ser assim “absolutamente essencial trabalhar naquele que tem que ser o maior elevador social na vida coletiva, que é a maior garantia para a erradicação da pobreza, que é o investimento na educação e na formação ao longo da vida”.
“Esse é seguramente o maior investimento no capital humano que podemos fazer”, concluiu.