Artigos

Wuthering Heights

É o título de um livro (o único livro, na realidade) de uma escritora inglesa do Século XIX, Emily Brontë, no qual a autora relata as venturas e desventuras de uma família de bons (e alguns maus) costumes.

Muito rapidamente, o romance conta a história da família Earnshaw, cujo patriarca regressando de uma viagem, traz consigo um pequeno órfão que todos achavam ser cigano, com as consequentes cenas de ciúmes por parte da família, nomeadamente do filho e, consequentes também, cenas de amores e desamores entre os membros da família, os ditos legítimos e o órfão adoptado.

Wuthering Heights era o nome da propriedade onde se desenrola a história.

A história imaginada e escrita por Mrs. Brontë nada tem a ver, como é de esperar, com a realidade actual, se bem que, com alguma imaginação, entre filhos e enteados, com ciúmes à mistura, algumas semelhanças se hão-de encontrar nos meandros da alta e baixa política local, mesclando-se Governo, Câmaras, Diocese, Ministério Público, todos procurando a defesa das suas damas e das suas conveniências em desfavor das conveniências de damas alheias.

Agosto, mês de férias por excelência dos autóctones e de muitos não residentes que nos visitam à procura de repouso e descanso.

Agosto, que se quer calmo e quente, convidando a banhos e passeios pelas serras, sempre com paisagens que deslumbram quem tem a fortuna de as ver, contemplando uma beleza rude e forte esculpida nas pedras que os vulcões deixaram há muito, muito tempo, entremeadas por florestas nas quais o génio humano esculpiu outras maravilhas de técnica e querer, a fazer transportar a água de um a ponta à outra da ilha.

Agosto que se fez ventoso quase desde o seu início (pela quinta ou sexta vez já este ano!)

fazendo com que o Cristiano Ronaldo andasse condicionado

(o aeroporto, pois claro, porque o rapaz, esse ninguém o condiciona) atrapalhando a vida aos quantos nos visitam bem como aos quantos de nós, residentes, que almejam também por uns dias em outras paragens, sem alternativas visíveis e/ou expectáveis a curto prazo, com os custos que daí advêm em termos de imagem e económicos.

Em termos mais figurados que literais, outros vendavais se abateram sobre nós, sem os pedirmos, sem os querermos, com a tragédia do Monte a fazer soprar ventos de e para todos os quadrantes, fazendo ver que, com o tempo seco que se faz sentir, falta a água para poder sacudir dos capotes de quem tem responsabilidades.

Vindo da Terra Média, sem elfos mas com selfies, veio lesto o Senhor dos Afectos e lesto se foi, deixando, honra lhe seja feita, solidariedade e palavras de conforto, sempre bem-vindas quando sopram ventos de infortúnio e que deveriam ter sido proferidas na primeira hora, no primeiro segundo, pelos que se sentam nos tronos locais.

E deixou os locais numa Guerra de Tronos em temporada indeterminada, com acusações de vã necessidade ou premência, que só servem para acicatar ventos de discórdia (quem semeia ventos colhe tempestades lá diz o adágio) ou, se quisermos ser mais actuais, uma CSI de trazer por casa, sem se saber bem quem investiga o quê, quando e como, à laia das Agências americanas que se atrapalham entre si quando a trama se quer mais complexa.

Nada disto tem alguma coisa a ver com o romance de uma senhora inglesa do Século XIX, mesmo se tivermos em linha de conta que os patrícios da escritora são parcela importante dos que nos visitam, romance que se passava em, como disse acima, Wuthering Heights, e que foi traduzido para a nossa língua pátria como - Monte dos Vendavais.

Agosto, que se quer calmo e cálido, transformou-se este ano, na Madeira, num verdadeiro

Monte De Vendavais.