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Homossexualidade ainda é mal vista na Guiné-Bissau

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A Organização Não-Governamental (ONG) Enda Santé admite que a comunidade homossexual da Guiné-Bissau ainda é discriminada, mas também que na sub-região o país é dos que fez mais avanços nos últimos anos neste matéria.

A posição foi manifestada em declarações à agência Lusa por Mamadu Aliu Djaló, diretor nacional daquela ONG, que nos últimos anos tem trabalhado junto daquela comunidade, que ainda é “invisível”.

Tudo começou com o trabalho para combater o vírus da SIDA no país, que atinge 3,3% dos 1,7 milhões de habitantes: “Em 2010, fizemos uma análise em relação aos HSH (Homens que fazem sexo com homens) em duas regiões, porque se considera uma população invisível por questões culturais e legais e para aquela população a percentagem de contaminação com vírus é de 25%”.

Com base naqueles dados, as autoridades guineenses fizeram uma revisão do seu plano estratégico, que agora “inclui o grupo como prioritário”, disse Mamadu Aliu Djaló, sublinhando que o Fundo Mundial incluiu o seu apoio ao HSH, que são mais afetados pelo vírus da SIDA e pela Hepatite B.

Os constrangimentos ao apoio aquela comunidade surgem principalmente devido a razões culturais, mas também em termos legais.

“Em termos legais nada protege as relações entre pessoas do mesmo sexo e essa barreira torna a comunidade cada vez mais invisível por medo de repressão das autoridades e da sociedade”, afirmou Mamadu Aliu Djaló.

Mas, salientou, comparando com a sub-região, o “ambiente sociojurídico é melhor”.

“Na Gâmbia, uma pessoa homossexual corre o risco de ser presa, no Senegal é ilegal. Analisando o mapa sociojurídico da ONUSIDA, a Guiné-Bissau é um dos melhores da sub-região é semelhança de Cabo Verde”, disse.

Questionado pela Lusa sobre o tipo de agressões que sofre aquela comunidade, Mamadu Aliu Djaló disse que as agressões verbais são as mais frequentes, mas as agressões físicas têm ocorrido.

“O problema é a forma como as autoridades reagem a estas questões, porque também têm o preconceito. Às vezes a comunidade não quer admitir o seu estatuto e acaba por não denunciar por medo de mais represálias”, explicou.

O problema também afecta as autoridades sanitárias, que segundo o diretor-geral da Enda Santé na Guiné-Bissau, também não estão preparadas para dar resposta, nem lidar, com infecções sexualmente transmissíveis associadas aos HSH.

“É uma sociedade machista e tolera mais as lésbicas”, lamentou.