População critica aproveitamentos políticos da tragédia
24 horas após a tragédia que abalou a Região ganha força a tese que há politiquice a mais nas análises e declarações dos políticos. Junto ao emblemático Mercado dos Lavradores reina o receio em emitir opiniões, tendência que se mistura com outros sentimentos. Afinal, “há que respeitar, não é altura”, atira um dos populares que ouvimos.
Contudo, a necessidade de desabafo e a revolta fala mais alto e em opinião partilhada, um outro interlocutor afirma ao DIÁRIO que “a política está a sobrepor-se a questões morais”.
Ricardo Gonçalves, profissional do sector turístico, vai mais longe. “Está tudo a aproveitar, antes ninguém ligava às árvores até mesmo os que foram avisados”, observa salientado que “agora chega o jogo das culpas”. Neste contexto, aproveita para informar que “no Jardim Botânico por cima das bilheteiras, propriedade do Governo Regional há dois ramos de carvalho secos gigantes”. “Antes que aconteça igual e que ninguém tenha culpa”, fica o alerta.
Em ano de eleições autárquicas as preferências partidárias parecem não permitir o luto decretado. Segundo uma transeunte os madeirenses carecem de informações sobre a responsabilidade que pertence a alguém. “No meu trabalho eu sou responsável pelas minhas acções e aqui alguém tem de sê-lo”, refere. Mas também lembra que “não podemos esquecer que a CMF e o Governo Regional pertencem a partidos opostos e que a Junta de Freguesia do Monte é do partido do Presidente do GR”. “Não estou a acusar ninguém apenas a relembrar baseando-me, claro, no que fui assistindo ontem”, salvaguarda.
Questionada se estaria a ser utilizada a tragédia para benefícios partidários a madeirense entende que “por enquanto ainda é pouco evidente mas isto será uma escalada principalmente pela altura em que estamos o mais provável é assistirmos a guerrilhas até Outubro.”
Manuela Maria, presente no local da tragédia e ainda profundamente abalada mostra outra visão alheia a questões política. E em tom encorajador afirma “a discussão está instalada sim, mas deixá-los... as pessoas devem ignorar rezando pelos que partiram e por aqueles que viram partir os seus familiares, em dia que deveria ser de festa.”