Decisão final sobre ferry pode sair daqui a uma semana
Vice-presidente esclarece algumas dúvidas sobre a operação marítima que ligará a Madeira ao continente
O vice-presidente do Governo Regional esclareceu hoje algumas dúvidas sobre a operação que está em fase de decisão do concurso de ligação marítima entre a Madeira e o continente português, deixando claro que o júri vai analisar ainda hoje a proposta - Empresa de Navegação Madeirense com um navio fretado à Naviera Armas -, para depois se passar à fase seguinte, que será informar a empresa que as características técnicas apresentadas estão ou não em conformidade com o caderno de encargos, esclarecimento de dúvidas e para que especifique quais as características do navio a operar.
Pedro Calado começou por salientar que houve quatro empresas candidatas no recente concurso de nove milhões de euros por três anos para a operação durante os meses do verão, sendo que apenas três apresentaram uma proposta formal, sendo certo que depois dos passos que faltam, ficará a cargo do Conselho de Governo a resolução de concessão da linha “desta semana a oito”, passando ainda pela contratualização e um necessário visto do Tribunal de Contas.
“Julgo que para fins de Junho e inícios de Julho, se tudo correr bem, poderemos ter a operação no mar”, acrescentou, deixando claro que uma notícia que dava conta que a empresa concorrente prevê prejuízos de cinco milhões de euros, mesmo com o apoio de três milhões/ano da parte da Região, Pedro Calado esclareceu: “Hoje li num órgão de comunicação social um grande estudo que, julgo que corresponda à proposta, pois ainda não a vi, aquilo é uma simulação qwue a empresa faz na base de uma perspectiva de negócio que espera vir a ter no decorrer da operação. Geralmente essas previsões são conservadoras, baixas, diria que aquilo é um mínimo considerável por parte da empresa. Como viram, esta não é uma operação muito rentável, que tem riscos, daí a dificuldade que assistimos de as empresas apresentarem para 12 viagens uma operação financeiramente equilibrada.”
O governante partiu para o ataque: “Isto rebate algumas críticas que se andava a fazer, porque quem julga que montar uma operação destas é fácil. Ou quem julga que é financeiramente viável, vem comprovar o que sempre dissemos, que é muito difícil fazer uma operação, é muito difícil encontrar navios adaptados a uma operação deste género e, atendendo às nossas limitações, quer geográficas quer da nossa dimensão e número de habitantes que temos, e de quem pode beneficiar deste transporte, não é fácil equilibrar uma operação destas. Por aquilo que vi, há ali um défice financeiro, a empresa naturalmente jogou com alguma segurança, mas julgo que esta tentará arranjar outras formas de rentabilizar o negócio, quiçá fazer eventos, estar presente em vários eventos, trazer mais pessoas, grupos.”
Pedro Calado ainda deixou claro que, sendo um contrato por três anos, há um período de exploração ao qual, no final, haverá uma reavaliação da operação. Ao fim de dois anos, será feito esse balanço e, segundo uma cláusula, se poderá “equacionar a operação, será dois mais um”, mas “à partida o que está previsto é mantermos a operação por três anos”.
Por fim, o Vice-presidente esclareceu que o facto de o Grupo Sousa ter uma diferendo judicial com a Região não inviabiliza que possa ter acesso a concursos, referindo como exemplo as construtoras civis, em que praticamente todas têm contenciosos com a Região, mas com as quais continua a trabalhar ou ainda com os fornecedores que trabalham com o Governo, “é prática comum”, que muitas vezes têm de ter contencioso. “Isso é o tipo de mentalidade que só fragiliza algumas pessoas que andam a pairar negativamente sobre tudo o que se faz na Região”, acusa. “E se fossemos atrás dessas mentalidades, a Região não tinha feito rigorosamente nada. Não investia, não fazia nada e estávamos ainda como há 50 anos”. Ou seja, “a ideia que se está a lançar que há um contencioso com determinado grupo e esse grupo vai fazer uma operação, não tem nada a ver com outra, porque os contenciosos muitas vezes têm de existir para resolver determinados problemas. Este foi um concurso aberto, mais do que discutido e falado, concurso público internacional ao qual concorreram grupos internacionais, nacionais e regionais (na primeira versão eram 13 interessados), mas sabíamos que muito provavelmente só um armador já bem colocado e geograficamente próximo da Região é que podia tentar fazê-lo”.
E ainda concluiu que a concessão da gestão da operação portuária nada tem a ver com o ferry, assegurando que esse é um propósito do Governo Regional, embora reconheça a complexidade do processo, que exige “análise de outro âmbito”. E ainda questiona: “E se não viesse ferry para a Madeira, será que a questão da concessão dos portos se colocaria? Claro que sim. Essa questão sempre foi posta, é um dos objectivos do Governo, estamos a trabalhar nessa matéria e vamos continuar a trabalhar”, concluiu.
Pedro Calado falava aos jornalistas, esta manhã, a meio de uma visita realizada ao Hospital Veterinário da Madeira.