O milagre de S. Bruno
Há quem diga que já não acontecem milagres como dantes. Não sabemos a relação de s. Bruno com Jesus, nem sequer se ele é um santo muito considerado. Ainda sabemos menos se existe um santo apelidado de Costa, ou Pinto, mas já de Antero e de Lourenço temos registo. Mas o que é certo, e hoje mais que sabido, é que s. Bruno, tornou-se neste fim de semana, que de Páscoa foi e continua para os de muita fé, o santo mais venerado, pelo menos até ao próximo domingo, que não sendo já o de, ramos, será por certo o da esperança. O da-mãe-de-todas- as-esperanças, para os cantadores de salmos, e de hinos, que se agitam praguejando, em vários estádios e com coreografias bastante embandeiradas, e reacções dragónicas, dando sinais ofensivos, de vida eterna ou no mínimo, prometedora. Qualquer rapaz “maduro”, que pertence a uma “horda”, que vista as cores albicelestes, e aficionado por jogo oratório duro, peregrina agora a caminho de outro altar, há muito de verde ferido, e arrasta consigo, por certo, uns milhares de novos afectos ao clube leonino. Clube submetido ao santo padroeiro, que preside por lá, e por lá tentará satisfazer o milagre que se lhe pede com emoção e devoção elevada. S. Bruno, numa só semana, num só dia, numa hora e meia, que soou desde a cidade dos arcebispos, conseguiu a proeza de ser o reduto final, aonde vão dar todas as preces, lacrimais anseios, de milhares de novos adeptos, aderentes de última hora e num acto desesperado, fazendo com que no seu mandato, o seu altar crescesse uns milhares de crentes, e aguardem o seu presidencial milagre, e o ofereça com caloroso reconhecimento, num pack recheado de duas cartilhas, mais umas recomendações, sobre qual a que se deve seguir de ora em diante. S. Bruno é até hoje o único eleito, com título privilegiado, a assistir a duas claques rivais, de cores diferentes, e uni-las num só altar, aonde serão requisitados por certo, os bilhetes para um sector de apoio, como corpo estranho - o azul e branco forasteiro - aos verde e branco da casa, que vão enfrentar e rugir, os que vestem as cores do diabo e vizinhos no mesmo inferno, e realizar o grande e esperado milagre da desmultiplicação do candidato ao prémio de 36º campeão nacional da época em curso. S. Bruno se o conseguir, terá futuramente as portas do museu do clube da Invicta, escancaradas, e por lá terá pedestal junto dos mais elevados títulos e estimados figurantes. Para tal, bastará que o aguardado milagre baile no céu de Alvalade, por sua intecepção. Mas só até à próxima queixa entre estes pecadores!
Joaquim A. Moura