Leonardo e Mourinho
Se fosse o treinador do Man. United, Mourinho, a fazer o que está a fazer o técnico do Mónaco, que sem fazer ondas nem estardalhaço para francês ver e ouvir, que continua com êxito, na Champions do futebol total, os jornais lusos, até se esbarravam para o colocarem no topo especial, dizendo dele as maiores proezas, quando o pacato e sensato Leonardo Jardim, treinador do clube monegasco, é que devia ocupar tal posição. Suspeito que os jornais gostem de quem cria polémicas, tricas e confusões, enroladas na demagogia barata, para aumentarem as vendas do papel. Compreende-se. Eles vivem disso e não do ar com que se enche as bolas e os balões. Mas aos adeptos e apreciadores de comportamentos, achamos que o mister madeirense, merecia maior e melhor destaque, pelas provas dadas antes e depois de chegar aonde chegou. Não se ficou só por treinar equipas médias e de topo por terras lusas, e emigrou para aventuras mais ousadas e exigentes, e com superior gabarito na escala que mede a qualidade das competências. Os jornais portugueses porém, não lhe rendem o devido reconhecimento, na escala do real valor, entre os técnicos que demandaram outros desafios e por terras que não falam a língua de Camões. Talvez seja por isso, que alguns treinadores se fiquem só por aqui, a treinar clubes esperançados ano após ano, e a prometerem serem campeões repetidamente, e a fracassarem sempre, porque nem o talento é tanto como soa e faz título, nem dominam a língua do poeta maior e muito menos qualquer outra fora da fronteira nacional. É quase certo que tais técnicos, badalados como melhores, não passarão disso mas só no imaginário de alguns, e nunca aceitarão o desafio de se exporem noutro clube, pondo à prova o seu tal real valor, numa espécie de tira-teimas. São limitados, sem dúvida, e sentem-no. (...)
Joaquim A. Moura