A escarpa da Arrábida
Não. Não vou escrever sobre a Selminho do Moreira, presidente da C.MPorto, mas da construção de dois prédios, noutra escarpa, na Arrábida, em que ele é especialista a aprovar projectos de construção polémicos, que põe os nervos em franja dos portuenses. Talvez o presidente da autarquia tenha treino bastante, para tais polémicas, devido à sua proximidade com o clube maior e mais tripeiro do norte, e daí decorra a sua disponibilidade e preparação, para dar o seu aval ao licenciamento de um hotel e um edifício de boas dimensões, mas de princípios e regras urbanísticas deploráveis, que chocam os residentes. Pelo menos os que gostam de ver as pontes sobre o rio Douro à solta, a correr, e não esmagado e abafado entre margens, pelo betão. O projecto, ao que parece já não tem volta a dar, e os protestos e movimentos organizados de cidadãos e da população que se lhe opõe, já não vão a tempo de fazer mossa e travar tal desígnio, mas pelos menos têm o condão de gritar e fazer ouvir a sua condenação. A polémica instalada remonta há menos tempo que a do prédio Coutinho em Viana do Castelo. Mas se o edifício no Minho ainda está de pé, e nem para o deitar abaixo há homens com os instrumentos no sítio, já na escarpa da Arrábida, a coisa vai mesmo por-se em pé, haja o que houver, e goste quem gostar. Em Portugal, quando se entra para governar qualquer pedacinho de terra, sai-se mais rico, do que quando se entra. Assim vai Moreira e os seus sequazes, que se agarram à mira do lucro que a especulação e o lugar que ocupam, permitem. Haja pedra partida que já só falta assentá-la no sítio aprovado e violador da paisagem já pouco oxigenada;